Guiné-Conacry/ Junta militar rejeita apelo para restabelecer o direito de manifestação
Bissau,01 Jun 22 (ANG) -
A junta militar no poder na Guiné-Conacry afirmou não haver razão para
restabelecer o direito de manifestação, ignorando um apelo recente das Nações
Unidas, noticiou hoje a agência Reuters.
A junta, que derrubou o
Presidente Alpha Condé em 5 de Setembro de 2021, proibiu no passado dia 13 de
Maio quaisquer tipos de manifestações na via pública “susceptíveis de
comprometer a paz social e a boa execução das actividades”. Durante os três
anos que prevê durar o processo de transição conducente ao regresso dos civis
ao poder.
O Alto-Comissariado das
Nações Unidas para os Direitos Humanos exortou na passada segunda-feira os
militares guineenses a restaurar o direito de manifestação, mas as autoridades
em Conakri recusaram o pedido, através de uma declaração lida na televisão
estatal na terça-feira à noite.
A junta militar guineense
reiterou que "nenhuma marcha será autorizada, enquanto as garantias de
enquadramento não forem cumpridas".
Os militares argumentam
que o país assistiu a um grande número de manifestações durante o regime do
Presidente Condé, as quais, segundo a junta, resultaram em centenas de mortes.
Desde que chegou ao
poder, a junta diz ter criado organismos para permitir o diálogo, tais como o
Conselho Nacional de Transição, que actua como um parlamento.
As contradições e os
mal-entendidos podem ser discutidos com toda a serenidade, dentro destes
organismos, afirmaram os militares.
Em resultado disso, não
há justificação para marchas neste sensível da vida da nação, em que os
guineenses (começaram) a falar uns com os outros como irmãos, concluiu-se na
declaração.
Os partidos políticos no
país têm protestado, cada vez mais, contra a repressão das liberdades e a
instrumentalização da justiça.
A situação na Guiné deverá ser um dos tópicos principais na cimeira da
Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), prevista para
este sábado em Accra.
Numa cimeira anterior,
em 25 de Março, os líderes da África Ocidental deram à junta militar guineense,
um prazo até 25 de Abril último, para apresentar um calendário
"aceitável" para a devolução do poder aos civis.
A junta fixou então um
prazo de 36 meses, calendário que dificilmente será aceite pela CEDEAO.
A organização regional
advertiu em 25 de Março que, se um calendário "aceitável" for
apresentado, até 25 de Abril, as sanções económicas e financeiras entrariam
imediatamente em vigor.
País vizinho da Guiné, o
Mali foi palco de dois golpes militares sucessivos em Agosto de 2020 e Maio de
2021 e enfrenta sanções duras da organização regional, desde Janeiro último,
que incluem a suspensão das transacções comerciais não essenciais com o país.
Ainda assim, com o
congelamento de activos estatais nos bancos centrais e comerciais da CEDEAO,
que retirou de Bamako (capital do Mali) as representações diplomáticas dos seus
Estados-membros.ANG/Angop
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