Angola/ Manifestação pacífica provoca controvérsia
Bissau, 30 Mar 23 (ANG) - A manifestação pacífica para ninguém sair de casa em Angola na sexta-feira, 31 de Março, em protesto contra as más condições de vida da população, está a provocar ampla controvérsia em Luanda, com o Conselho Nacional da Juventude (CNJ) e militantes do partido no poder, o MPLA, a desaconselharem a adesão à campanha.
Ainda assim, milhares mobilizam-se a favor
da iniciativa do activista Nelson Dembo “Gangsta”.
Há um ano, o
activista e rapper, Nelson Dembo, também conhecido por “Gangsta”, foi detido
por criticar a governação do Presidente angolano e posteriormente indiciado
pelos crimes de instigação à rebelião, associação criminosa e de ultrajar os
órgãos de soberania.
“Gangsta” diz não cometer nenhum crime,
mas face ao suposto desafio às autoridades angolanas, alega que sua vida e a da
sua família correm perigo.
Apesar das ameaças, o músico lança um
desafio a todos os angolanos para não saírem de casa ou não irem trabalhar no
dia 31 de Março, com o mote de parar o país e fazer uma reflexão em torno da má
governação.
“Dia 31 de Março ninguém sai de casa,
temos de paralisar Angola. Igrejas paralisem. Meus irmãos, que estão na
diáspora, por favor, ajudem a massificar a campanha, temos que estar unidos:
todos aqueles que se consideram activistas, manos ! Isso é uma missão urgente
dos angolanos: tirar o João Lourenço do poder, por causa do desastre que ele
está criar para o país. Não será bom para nós, até 2027, ter um individuo que
não tem empatia”, finalizou “Gangsta”.
Entretanto,
Sebastião Maurício, um dos responsáveis do Conselho Nacional da Juventude,
organização que congrega plataforma juvenis de partidos políticos e da
sociedade civil, demarca-se do movimento e apela a juventude a seguir a vida
normal no último dia do mês de março.
“Nós, o CNJ enquanto representante dos
jovens, continuamos a apelar os jovens que amanha é um dia normal. Quem tem de
ir que vá trabalhar. Não vejo isso, esse apelo dessas pessoas de forma
irresponsável, a ter um impacto na vida dos jovens”, desvalorizou o líder
juvenil.
Tomás Bica, membro do
Comité Central do MPLA, também reprova a iniciava, reconhecendo que a manifestação
é um direito, mas que não poder ser usada como ferramenta para legitimar
objectos inconfessos.
“Ao invés de
mobilizar as pessoas a fazerem campanha de limpeza, eis que este indivíduo vem
apelando as pessoas a não trabalhar. O emprego já está difícil, vem mais alguém
dizer que não vai trabalhar. Reclamar é um direito, manifestar descontentamento
é um direito, mas não pode utilizar este descontentamento e esta manifestação
com objectos inconfessos, com objectivos de derrubar poder, não é este o
caminho”, justificou o também administrador do Município do
Cazenga, durante um encontro com jovens. ANG/RFI
Em comunicado distribuído hoje à imprensa, a polícia considera que
a campanha poderá provocar caos e rebelião no país, por isso aconselha os cidadãos
a não aderirem a tais actos.
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