França/ "Esta reforma não é um prazer, não é um luxo, é uma necessidade", diz Macron
Bissau, 23 Mar 23 (ANG) – O presidente francês, Emanuel Macron, defendeu que as reformas objeto de protestos, há dois meses, não é um prazer nem um luxo mas sim uma necessidade.
"Pensam
que fico feliz por fazer esta reforma? Não. Esta reforma não é um prazer, não é
um luxo, é uma necessidade",
martelou Emmanuel Macron que muito embora tenha lamentado não ter conseguido
convencer os franceses, não deu sinais do mais ínfimo recuo face aos protestos
populares.
Macron que fez esta declaração em entrevista televisiva quarta-feira,
que foi a sua primeira intervenção
pública em dois meses de mobilização contra a sua polémica reforma elevando de
62 para 64 anos a idade mínima de aposentação, renovou a sua confiança à sua
Primeira-ministra e denunciou as "facções e os facciosos".
"É preciso que a lei entre e vigor até ao final do ano, mas para
já é preciso esperar pela decisão do conselho constitucional" começou por dizer o Presidente que por outro
lado também evocou a polémica desencadeada por declarações suas ontem em que
denunciou a atitude de "multidões sem legitimidade".
"Proferi ontem declarações a alguns parlamentares que foram alvo
de ataques inaceitáveis. Há uma legitimidade que existe. Os sindicatos têm
legitimidade e quando manifestam têm legitimidade. Quando se opõem a esta
reforma, eles têm o meu respeito porque defendem um ponto de vista. Quando
alguns grupos cometem actos de extrema violência para agredir eleitos
parlamentares, usam dessa violência porque estão descontentes, isso já não é
aceitável. Não posso aceitar nem actos, nem opiniões parciais. No entanto, é
preciso ouvi-los e ouvir os descontentamentos e responder-lhes", disse o Presidente em alusão nomeadamente à
vandalização da permanência do líder dos Republicanos, Eric Ciotti, em Nice no
sul, no passado fim-de-semana.
As declarações do chefe de Estado francês
estão a ser bastante comentadas, senão mesmo criticadas por boa parte do
microcosmo social e político aqui em França, o termo "desprezo" sendo
decerto o qualificativo que mais se ouve nestas últimas horas para descrever o
discurso de Emmanuel Macron.
Tal é o caso do lado dos sindicatos. As
palavras de Macron são uma marca de "desprezo para com os milhões de pessoas
que manifestam" segundo Philippe Martinez, líder do sindicato
CGT. No mesmo sentido, Laurent Berger, presidente do sindicato CFDT, acusou
quanto a si o Presidente de "negação" e "mentira" quando
este último referiu hoje que os sindicatos não propuseram compromissos.
À esquerda do xadrez político, o líder da
França Insubmissa (LFI), Jean-Luc Mélenchon, também falou em "desprezo" e
considerou que "Macron vive fora da realidade". Para Olivier Faure,
líder dos socialistas, "o Presidente francês colocou mais explosivos num fogo já bem
aceso". Para os verdes, o Presidente deu provas da sua "auto-satisfação".
À direita, Eric Ciotti, líder dos
republicanos que até agora garantiam estabilidade ao executivo mas cujos
eleitos aderiram em parte às moções de censura, lamentou que o Presidente "não tenha
proposto soluções à altura da crise". Na extrema-direita, Marine le
Pen, quanto a si, considerou que "Macron confortou o sentimento de
desprezo" para com os seus concidadãos.
Em vésperas da nona jornada de greve
nacional amanhã, os bloqueios continuam em várias refinarias, a zona portuária
de Marselha, no sul, tendo sido bloqueada hoje. ANG/RFI
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