ONU/Relatório alerta para “risco iminente” de crise mundial de água
Bissau, 22 Mar
23 (ANG) - Um relatório da ONU alerta que os ciclos de escassez de água “tendem
a generalizar-se”, o que leva a uma ameaça de “risco iminente” de crise
mundial.
O aviso foi dado
na véspera do início, esta quarta-feira, da Conferência da Água, em Nova
Iorque, a primeira desde 1977.
A Conferência da Água, que começa neste
Dia Mundial da Água e decorre até sexta-feira, é a primeira desde 1977. Na sede
das Nações Unidas, em Nova Iorque, vão estar, pelo menos, 12 chefes de Estado e
de Governo, cerca de 80 ministros e altos funcionários governamentais e mais de
6.500 representantes da sociedade civil.
Sob o tema "Água para o
Desenvolvimento Sustentável”, os participantes querem esboçar uma nova Agenda
de Acção para a Água, no âmbito dos Objectivos para o Desenvolvimento
Sustentável da ONU, nomeadamente em relação ao Objectivo 6 sobre água potável e
saneamento. De acordo com as Nações Unidas, são urgentes compromissos e acções
na protecção dos aquíferos, no combate à poluição, no abastecimento de água
potável e na integração das políticas hídricas com as políticas climáticas.
Estes objectivos são ainda mais urgentes à
luz do relatório da ONU-Água e da Unesco, publicado na terça-feira, que alerta
que o consumo crescente e as mudanças climáticas estão a provocar um
"risco iminente" de crise mundial de água porque os ciclos de escassez
“tendem a generalizar-se”.
No prefácio do relatório, o
secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que excesso do consumo e do
desenvolvimento, que classificou como “vampíricos”, assim como “a exploração
insustentável dos recursos hídricos, a poluição e o aquecimento global
descontrolado estão a esgotar, gota a gota, esta fonte de vida da
humanidade".
O documento explica que, nos últimos 40
anos, em todo o mundo, o uso de água potável aumentou cerca de 1% por ano e
avisa que a escassez de água "tende a espalhar-se" e a piorar com o
impacto do aquecimento global, podendo vir a atingir, em breve, regiões
poupadas até agora, como o leste da Ásia ou a América do Sul.
Cerca de 10% da população mundial vive num
país onde se chegou a um nível alto ou crítico de stress hídrico (relação entre
utilização da água e a sua disponibilidade). Por outro lado, ainda de
acordo com o relatório dos especialistas em clima da ONU, "cerca de metade
da população mundial" sofre de escassez "severa" de água durante
parte do ano.
Além da falta de água, o problema é também
a contaminação da que está disponível, devido à ausência ou deficiência de
sistemas de saneamento. Cerca de dois mil milhões de pessoas não têm acesso à
água potável e 3,69 mil milhões não têm acesso a serviços de saneamento
seguros. Ou seja, são milhões de pessoas sujeitas à cólera, disenteria, febre
tifoide e poliomielite.ANG/RFI
Sem comentários:
Enviar um comentário