Moçambique/Vítimas de violência policial vão apelar à União Africana e à ONU
Bissau, 23 Mar 23 (ANG) - Quitéria Guirengane, uma das organizadoras das marchas de homenagem ao rapper Azagaia, afirma que os manifestantes em Maputo sofreram terrorismo por parte do Estado e que vai apelar à União Africana e às Nações Unidas para sancionar Moçambique pela violência policial usada contra os seus cidadãos.
As manifestações de domingo de homenagem ao rapper Azagaia em
Moçambique fizeram vários feridos graves, entre eles duas pessoas perderam um
olho, vários tiveram a cabeça partida e pelo menos um manifestante foi
atropelado sem qualquer socorro por parte das autoridades.
Quitéria Guirengane, que não só ajudou a organizar as
manifestações, mas participou também na marcha em Maputo, garantiu que estas
foram marchas aprovadas na maior parte das províncias. No entanto, ao chegar ao
local, o clima era tenso desde o ínicio.
"A polícia disse-me 'nós
sabemos que vocês estão legais, mas nós temos ordens superiores e temos que
defender o nosso pão". Eu disse que nós tínhamos de defender a nossa
dignidade e começámos a sentir a preparação para os confrontos. Começaram a
lançar gás lacrimogéneo e a disparar contra os cidadãos, mesmo contra quem
usava os transportes públicos e dentro de casas", descreveu a activista.
Os organizadores consideram que houve uma emboscada contra quem
pensa de maneira diferente no país.
"O que nós vivemos no dia
18 de março foi um verdadeiro terrorismo de Estado e o acender de uma revolta
popular sem precedentes nem paralelo na história de Moçambique, uma situação de
emboscada que nos foi criada por pessoas que não admitem que haja moçambicanos
com consciência própria", declarou Quitéria
Guirengane
Quitéria Guirengane espera agora uma acção forte por parte da
comunidade internacional face à utilização de violência policial para reprimir
as homenagens ao rapper Azagaia em Moçambique, com as vítimas a recorrerem a
todas as instâncias nacionais e internacionais para verem reconhecidos os maus
tratos pela polícia.
"Não pode haver
impunidade, a culpa não pode morrer solteira. Não se pode governar de forma
criminosa, isto foi um golpe contra o Estado de direito democrático. nós vamos
avançar com acções criminais e civis pedindo indemnizações para as vítimas,
contra a ministra do Interior, contra o Comandante Geral da Polícia, para que
eles venham dar o rosto pelas orden superiores. Ações contra o Presidente da
República por acção e inacção. Vamos intentar acções dentro do país, mas também
vamos usar os mecanismo especiais da União Africana e das Nações Unidas", assegurou a activista. ANG/RFI
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