Etiópia/Países africanos pedem troca de dívida pública por investimento climático
Bissau, 22 Mar 23 (ANG) - Os países africanos afectados por um
elevado nível de dívida pública e por prejuízos resultantes do clima
concordaram em estudar formas de trocar a dívida por investimentos que mitiguem
os efeitos das alterações climáticas.
A troca de dívida pública
por investimento climático é uma ferramenta económica que permite a um país
reduzir o seu montante de dívida em troca de uma promessa de realização de
investimentos verdes, e está entre as várias alternativas exploradas pelos
ministros das Finanças de África para abaterem o elevado nível de dívida
pública, que está a dificultar a possibilidade de fazer investimentos
reprodutivos na economia.
"O que estou sempre
a perguntar, todos os dias e todas as horas, é onde vou buscar o dinheiro para
proteger o nosso povo dos eventos climáticos extremos", disse o ministro
das Finanças do Egipto, Mohamed Maait, acrescentando que o endividamento é,
muitas vezes, a única solução para alguns países.
Segundo a AP, o ministro
egípcio foi um dos vários apoiantes desta ideia que visa colmatar as
dificuldades de financiamento que os países mais endividados enfrentam, e que
resultam não só da falta de capacidade financeira, mas também dos elevados
juros exigidos pelos investidores para financiarem estes países.
"Muitos países pura
e simplesmente não conseguem aceder aos mercados financeiros internacionais por
causa da subida das taxas de juro", disse a economista-chefe da UNECA,
Hanan Morsy, lamentando que os investimentos no financiamento climático sejam
mais baixos em África do que em qualquer outra parte do mundo.
Durante as sessões da
conferência, os ministros debateram também vários modelos de 'financiamento
misto', que combina financiamento para o desenvolvimento e capital privado como
uma potencial solução para o financiamento climático.
Cabo Verde tem sido umas
das principais vozes africanas a defender esta modalidade de transformação da
dívida em investimentos climáticos, e conseguiu já, em Janeiro, o apoio da
União Europeia para avançar nesta modalidade.
No ano passado, o Fundo
Monetário Internacional estabeleceu um fundo de 50 mil milhões de dólares,
cerca de 46,4 mil milhões de euros, para ajudar os países de baixo e médio
rendimento que são muito afectados pelas alterações climáticas, apesar de pouco
ou nada terem contribuído para isso, tendo o Rwanda sido o primeiro país a ser
financiado, em 319 milhões de dólares (296 milhões de euros), ao abrigo deste
modelo. ANG/Angop
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