Clima/O mundo tem "soluções" para os problemas climáticos, “falta vontade política”
Bissau, 21 Mar 23 (ANG) - Um resumo de milhares de páginas sobre o aquecimento global do planeta e as suas consequências, as formas de atenuar os seus efeitos e de adaptação foi apresentado segunda-feira.
Trata-se do sexto relatório do Painel
Intergovernamental sobre Alterações Climáticas(IPCC).
Na apresentação do documento, Hoesung Lee, presidente
do IPCC sublinhou tratar-se de "uma mensagem de esperança” e diz que o mundo tem "soluções" para os
problemas climáticos, mas que todavia “falta vontade política forte”.
Fruto de anos de trabalho, realizado por
centenas de cientistas do mundo inteiro, o documento agora publicado reitera,
mais uma vez, que é a acção humana a grande culpada pelo aquecimento global do
planeta. Um planeta que está cada vez mais à beira do abismo.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, apresentou o
relatório como “um guia de
sobrevivência para a humanidade”.
Por seu lado, o presidente do Painel Intergovernamental para as Alterações
Climáticas, Hoesung Lee, sublinhou tratar-se de "uma mensagem de esperança”. Lembrou o
economista coreano que “a mensagem mais importante é que temos soluções. (...)
sabemos como nos adaptar, como fomentar a redução de emissões. Temos o
conhecimento, a tecnologia, os meios, os recursos financeiros e tudo o que é
necessário para ultrapassar os problemas climáticos identificados”,
todavia “o que falta é uma vontade
política forte de forma a resolver o problema de uma vez por todas”.
Após uma semana
de debates em Interlaken, na Suíça, as principais conclusões do grupo de
peritos são:
A
temperatura média do planeta vai aumentar 1,5ºC, em comparação com a era
pré-industrial, até 2030-2035, devido à actividade humana. A projecção é válida
em quase todos os cenários de emissões de gases com efeito estufa, porém
"reduções profundas, rápidas e prolongadas das emissões (...) levariam a
uma desaceleração do aquecimento do planeta em aproximadamente duas
décadas".
Os
riscos climáticos são mais graves que o previsto: "Com o aumento
inevitável do nível de água dos oceanos, os riscos para os ecossistemas
costeiros, as pessoas e as infra-estruturas continuarão a aumentar após
2100".
A
questão das "perdas e danos" provocados por episódios meteorológicos
extremos e da justiça climática são os temas mais delicados das negociações do
clima a decorrer na COP 28, em Dezembro, no Dubai.
Os
anos mais quentes que vivemos na actualidade, serão os mais frescos no futuro
próximo. Os últimos oito anos foram os mais quentes registados até hoje.
Os
benefícios de limitar o aquecimento global a +2ºC superam os custos:
"Adiar as medidas de mitigação e adaptação (...) reduz a sua viabilidade,
e as perdas e danos aumentam".
Acelerar
a neutralidade de carbono. Os países ricos devem antecipar suas metas de
neutralidade do carbono "o mais próximo possível de 2040", em vez de
2050. Acelerar o objectivo é imprescindível para "desactivar a bomba
climática", explicou António Guterres. ANG/RFI
Sem comentários:
Enviar um comentário