quarta-feira, 15 de março de 2023

Beirute/ONG acusa Emirados Árabes Unidos de manter refugiados afegãos detidos desde 2021

Bissau, 15 Mar 23 (ANG) – A organização não-governamental (ONG) Human Rights Watch (HRW) acusou hoje as autoridades dos Emirados Árabes Unidos de manterem em detenção, de forma arbitrária, pelo menos 2.400 refugiados afegãos, há mais de 15 meses.


Num comunicado, a HRW defendeu que os Emirados Árabes Unidos (EAU) “devem libertar urgentemente aqueles detidos arbitrariamente e fornecer acesso a processos justos e eficientes para determinar o seu estatuto e necessidades de proteção”.

Após a tomada da capital do Afeganistão, Cabul, pelo regime talibã, em 15 de agosto de 2021, o governo dos EAU retirou milhares de afegãos para a “Cidade Humanitária dos Emirados”, um centro de logística humanitária em Abu Dhabi, e para a Cidade dos Trabalhadores de Tasameem.

Embora muitos tenham posteriormente recebido asilo em outros países, incluindo nos EUA e Canadá, entre 2.400 e 2.700 afegãos permaneciam detidos arbitrariamente nos Emirados Árabes Unidos no início de janeiro, disse a organização de defesa dos direitos humanos.

“As autoridades (...) mantiveram milhares de requerentes de asilo afegãos detidos por mais de 15 meses em condições exíguas e miseráveis, sem esperança de progresso nos seus casos”, disse Joey Shea, investigador da HRW para os Emirados Árabes Unidos.

“Depois de passar por um enorme trauma significativo ao fugir do Afeganistão, estão agora a enfrentar mais traumas, depois de passar mais de um ano em limbo nos Emirados Árabes Unidos”, lamentou Shea.

De acordo com entrevistas realizadas pela HRW, com sede nos Estados Unidos, houve denúncias sobre restrições à liberdade de movimento, falta de acesso a aconselhamento jurídico e serviços educacionais inadequados para crianças.

Sem apoio psicológico, muitos adultos e crianças sofrem de depressão e outras condições de saúde mental, refere-se no relatório. As condições de vida também se deterioraram, com os detidos a falarem de superlotação, deterioração das infraestruturas e infestações de insetos.

De acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, o Afeganistão, que regressou ao domínio talibã após duas décadas de intervenção militar liderada pelos Estados Unidos, sofre uma das mais graves crises humanitárias do mundo.

Cerca de 28,3 milhões de pessoas, aproximadamente dois terços da população, precisam de assistência e proteção. ANG/Lusa

 

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