Senegal/ Ousmane Songo poderia ainda disputar eleições presidenciais
Bissau, 31 Mar 23 (ANG) – A justiça do Senegal condenou o opositor Ousmane Sonko a dois meses de cadeia com pena suspensa num caso de difamação contra o ministro do turismo. Sonko, terceiro candidato mais votado nas eleições presidenciais de 2019 não compareceu perante o tribunal nesta sexta-feira, 30 de Março.
Ele que se
arriscava a ficar de fora do escrutínio de Fevereiro de 2024, manter-se-ia, por
ora, na corrida rumo à chefia do Estado.
Ousmane Sonko
poderia vir a defrontar Macky Sall, chefe de Estado cessante, caso este decida
candidatar-se a um terceiro mandato, até agora não previsto constitucionalmente.
Pelo menos os seus advogados assim o
defenderam à agência AFP.
Não obstante o opositor estar ainda pendente de um outro julgamento,
onde é acusado de violação, factos que ele contesta.
No caso agora julgado Sonko, de 48 anos,
era acusado de difamação por Mame Mbaye Niang, ministro do turismo.
Para além da condenação a dois meses de
cadeia com pena suspensa o opositor foi, ainda, condenado ao pagamento de 200
milhões de francos CFA (300 000 euros).
A justiça prevê que em certos casos de
condenação por difamação o réu seja declarado como inelegível.
Sonko, terceiro
candidato mais votado nas eleições presidenciais de 2019, e respectivos
apoiantes, denunciavam a instrumentalização da justiça que visaria, supostamente, afastá-lo da corrida
rumo à chefia do Estado deixando o caminho livre a uma hipotética nova
candidatura de Macky Sall.
O politólogo Henri Labery, em Dacar,
realça a popularidade de que
Ousmane Sonko beneficia junto da juventude.
"O Ousmane Sonko é,
indubitavelmente, hoje uma figura da oposição inédita e principal, é única;
diria eu ! Porque ele tem conseguido mobilizar toda a juventude, praticamente,
ao lado dele. E se temos em conta que a juventude constitui, praticamente, a
maioria dos votantes é um perigo para o poder. E o poder, e o seu chefe, o
presidente da república, se mantém, quer manter-se e se posicionar para as
próximas eleições de 2024 sabe o perigo que, realmente, corre se o Ousmane se
apresentar. Então daí o objectivo... é simples, é fazer com que o candidato da
oposição não chegue às eleições."
O politólogo Henri Labery, em Dacar, alega
que o presidente cessante já se
conseguiu desenvencilhar de alguns dos seus principais rivais potenciais.
"[Macky Sall] já eliminou
dois potenciais opositores, que são o Karim Wade, filho do antigo presidente da
república, e o Khalifa Sall, que era o líder do partido socialista. Se não
tiver outro opositor, que seja, por exemplo, Ousmane Sonko , ele tem o caminho
livre para se apresentar e, eventualmente ser eleito. Mas se for com o Sonko às
urnas não garanto que ele passe. "
Questionado sobre se a constituição poderia vir a contemplar a hipótese de um terceiro mandato o politólogo alega que "as opiniões divergem", mas que a actual constituição, aprovada há quatro anos prevê dois mandatos. Henri Labery alega estar-se a viver em pleno "autoritarismo" denunciando a "desigualdade da vida democrática que prevalece hoje no Senegal."ANG/RFI
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