Crianças Talibés/ Associação dos Imames acorda colaborar para pôr fim a mendicidade nas ruas
Bissau, 21 Mar 23 (ANG) - A
Associação dos Imames da Guiné-Bissau acordou segunda-feira, coloborar com o Governo para pôr fim as mendicidades
praticadas por crianças Talibés nas ruas
do país.
O acordo foi declarado após uma reunião que decorreu durante mais de
quatro horas no Ministério do Interior ,envolvendo membros do governo e líderes religiosos da Guiné-Bissau, realizada
na sequência do recente ultimato dado pelo Presidente da República para se pôr
termo à essa prática feita por crianças
que frequentam escolas alcorânicas denominadas de Talibés.
Umaro Sissoco Embaló numa recente
visita à cidade de Gabú leste do país, deu
ao ministro do Interior e da Ordem Pública duas semanas para pôr termo a
mendicidade dessas crianças nas de Bissau e do interior.
Segundo a ministra da Mulher, Família e Solidariedade
Social, Maria da Conceição Évora concluiu-se na reunião que a mendicidade
praticada pelas crianças nas ruas de Bissau e nos países vizinhos sob o pretexto
de apreender a ler e interpretar o
Alcorão (o livro sagrado da religião muçulmana) não consta no islão.
“É a segunda vez que o
Presidente da República declara a sua posição pública sobre o assunto , mas, felizmente,
este ultimato que deu em Gabú já tem pernas para andar. Chegamos ao
entendimento que a mendicidade é uma prática negativa para as crianças uma vez
que isso as priva dos seus direitos”, disse a governante.
Conceição Évora sublinhou
que, no caso de haver resistência por parte dos mestres corânicos de prosseguir
com a prática, o Governo terá que adotar
medidas para retirar as crianças dessa
situação.
“Esperemos que não haverá a necessidade de
implementar medidas duras uma vez que já
chegamos ao consenso com os imames de que a prática de mendicidade limita o
direito dessas crianças. Além de terminar com essa situação no país, devem
deixar de enviar as crianças para os
países vizinhos, como por exemplo o Senegal e a Gâmbia”, referiu.
A ministra diz que os imames
têm oito dias para convencer os responsáveis das escolas corânicas a retirarem
as crianças das ruas, tendo acrescentado que as crianças podem apreender o
alcorão sem mendigar
“Essas crianças passam maior parte do tempo
nas ruas a pedir esmola. Qual é o tempo de apreender o alcorão? Porque, de
manhã até a tarde estão nas ruas a mendigar. Se verificamos, na realidade tudo
isso perde o sentido”, sustentou a governante.
Por sua vez, o porta-voz de
União Nacional dos Imames da Guiné-Bissau Bacar Candé disse que a palavra de um
Presidente é como se fosse uma Lei.
“Depois da reunião com os membros do Governo,
chegamos à um consenso de que a prática de mendicidade realmente é prejudicial
para as crianças. Por isso, as mesmas serão retiradas das ruas”, prometeu Bacar
Candé em nome dos imames da Guiné-Bissau.
A mendicidade de crianças
talibés no país e nos países vizinhos vem sendo, há muito tempo, reprovada por
organizações de defesa dos direitos das crianças, nomeadamente a AMIC que tem
difundido casos de maus tratos aos quais
muitas crianças Talibés são submetidas no Senegal.
ANG/AALS/ÂC//SG
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