São Tomé e Príncipe/ 23 militares acusados por homicídio e tortura no assalto ao quartel
Bissau,17 Mar 23 (ANG) - O Ministério Público são-tomense acusou 23 militares, entre eles, Olinto Paquete, ex-chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, e Armindo Rodrigues, actual vice-chefe do Estado-Maior, por 14 crimes de tortura e quatro crimes de homicídio qualificado, na sequência da tentativa de assalto ao quartel militar das Forças Armadas, a 25 de Novembro de 2022.
De acordo com o despacho de instrução
preparatória do Ministério Público de São Tomé e Príncipe, Olinto Paquete e o coronel José Maria Menezes
são acusados “em autoria material, por omissão, com dolo eventual” de 14 crimes de tortura e outros
tratamentos cruéis, degradantes ou desumanos graves e de quatro crimes de homicídio qualificado.
Armindo
Rodrigues é acusado “em autoria material, por omissão, com dolo eventual” de 12 crimes de tortura e outros
tratamentos cruéis, degradantes ou desumanos graves e de quatro crimes de homicídio qualificado. O vice-chefe do Estado-Maior é, ainda
acusado “em concurso efectivo, por acção, com dolo directo" de dois crimes crimes de tortura e
outros tratamentos cruéis, degradantes ou desumanos graves.
Acrescenta o documento que Olinto Paquete, José Maria Menezes e Armindo
Rodrigues “violaram de
forma excepcionalmente grave” os deveres de autoridade, lealdade, zelo e
correcção. A estes "deverá
ser aplicada a pena acessória de demissão das Forças Armadas".
O Ministério Público são-tomense considera
que estes três arguidos (Olinto Paquete, José Maria Menezes e Armindo
Rodrigues) “tiveram conhecimento
do grau de revolta dos militares e do seu desejo de vingança física e
psicológica”. “Conscientes do que se estava a passar, do risco que corriam os
militares e civis detidos, (...) sabendo que a sua actuação seria crucial para
evitar lesões e sofrimento psíquico e físico dos militares e civis e a morte
dos civis, nada fizeram para os impedir, abandonando os detidos à sua sorte.”
Além disso, Olinto Paquete, José Maria
Menezes e Armindo Rodrigues “agiram de forma livre e consciente, apesar de
saberem que o seu comportamento era legalmente proibido e punido por lei”.
Os restantes 20 arguidos são acusados de
“em concurso efectivo, por acção, com dolo directo”, e em co-autoria, de 14
crimes de tortura e outros tratamentos cruéis, degradantes ou desumanos graves
e de quatro crimes de homicídio qualificado.
No ataque ao Quartel do Morro, em São
Tomé, na madrugada de 25 de Novembro, três dos quatro civis assaltantes
morreram (Jullait Silva “Into”, Ezequiel Afonso “Isaac” e Gonçalo Bonfim
“Armando”), Bruno Afonso “Lucas” é o único sobrevivente e encontra-se detido.
À lista de mortos acrescenta-se Arlécio
Costa que foi apontado com um dos comandantes do ataque. No despacho de
instrução preparatória do Ministério Público pode ler-se que as mortes
resultaram de lesões na cabeça, tórax e membros superiores e inferiores. As vítimas mortais apresentavam perfurações
nas pernas feitas com “baionetas colocadas nas pontas de espingardas”, que lhes
causaram enormes perdas de sangue, “fortes dores no corpo e um enorme desgaste
e sofrimento psicológico".
Os militares acusados de envolvimento no
ataque e os cinco civis foram brutalmente torturados nas instalações
militares.
Os militares agora acusados são: Daniel
Carneiro, 3°Sargento da Polícia Militar (em prisão preventiva); Absallyn
Trindade, Tenente da Polícia Militar (em prisão preventiva); Geldenitdo
Benildo, Furriel da Polícia Militar (em prisão preventiva); Início Sousa,
Sargento-Ajudante da Polícia Militar (em prisão preventiva); Nuno Quintas,
Tenente da Polícia Militar (em prisão preventiva); Stoy Miller, Capitão da Polícia
Militar (em prisão preventiva); Abdlu Tomé, Tenente de Transmissões (em prisão
preventiva); Ajax Managem, Sargento de Artilharia (em prisão preventiva);
Nílton d’Assunção, Tenente de Engenharia; Alex Viegas, Tenente de Infantaria;
Jakson Paquete, 2° Sargento (em prisão preventiva); Valdinílson Santos, 1° Cabo
de lnfantaria (em prisão preventiva); Aykemss Danouá, 1.° Sargento da
Secção Desportiva (em prisão preventiva); Lívio Trindade, Sargento de
Artilharia; Rodolf Bento, 3° Sargento da Banda Militar; Alcio Eusébio, Sargento
Chefe de Engenharia; Jayde Pereira, Capitão das Forças Armadas; Aílton Cardoso,
Furriel de Agropecuária; Waldimyr da Mata; Gerson Vaz; José Maria Menezes,
Coronel das Forças Armadas; Armindo Rodrigues, Capitão-de-Mar-e-Guerra da
Guarda Costeira, vice-Chefe de Estado Maior das Forças Armadas; Olinto Paquete,
Brigadeiro-General, ex-Chefe de Estado Maior das Forças Armadas. ANG/RFI
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