Diplomacia/Israel avisa chefe da diplomacia da UE que não será bem-vindo no país
Bissau, 16 Mar 23 (ANG) - Israel avisou na quarta-feira o chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, que não será bem-vindo numa eventual visita, após comentários críticos sobre as políticas israelitas na Cisjordânia ocupada, informou a Reuters.
Borrell publicou um
artigo, na semana passada, que as autoridades de Jerusalém criticaram de forma
dura, alegando que equipara as vítimas israelitas de "ataques terroristas
palestinianos" aos civis palestinianos mortos em operações militares do
Exército de Israel.
O incidente marcou o
mais recente sinal de deterioração das relações entre o novo Governo de
extrema-direita de Israel e alguns dos seus aliados mais próximos.
"Ser honesto
significa reconhecer que o extremismo está a crescer em ambos os lados. Ataques
indiscriminados e violência estão a tirar muitas vidas", escreveu Borrell
no artigo que incomodou o Governo israelita.
"A violência por
parte dos colonos israelitas na Cisjordânia está a ameaçar cada vez mais a vida
e os meios de subsistência dos palestinianos quase sempre com impunidade. Além
disso, as operações militares israelitas frequentemente provocam mortes civis
palestinianas, muitas vezes sem responsabilidade efectiva", acrescentou o
chefe da diplomacia europeia.
O ministro dos Negócios
Estrangeiros de Israel, Eli Cohen, condenou estes comentários, durante uma
conversa com Borrell, na terça-feira, informou o Governo israelita.
"Não há espaço para
comparação ou equilíbrio entre as vítimas do terrorismo do lado israelita e os
terroristas palestinianos apoiados pela Autoridade Palestiniana", explicou
o Governo israelita num comunicado.
De acordo com uma fonte
oficial israelita, embora não haja planos ou pedidos oficiais para uma visita
de Borrell, o Governo israelita quer deixar claro que o chefe da diplomacia
europeia não será bem-vindo.
Em Bruxelas, o porta-voz
da Comissão Europeia, Peter Stano, disse que Borrell não foi impedido de entrar
em Israel porque não tentou visitar o país.
"Não temos
conhecimento de nenhuma proibição ou decisão das autoridades oficiais
israelitas de não permitir uma visita", esclareceu Stano, acrescentando
que as posições de Borrell reflectem as posições oficiais dos 27 países da UE.
Israel tem estreitas
relações políticas e económicas com muitos países europeus. O primeiro-ministro
israelita, Benjamin Netanyahu, deve viajar para a Alemanha, uma semana após uma
visita oficial à Itália.
Contudo, Israel e a UE
discordaram repetidamente ao longo dos anos sobre o tratamento de Israel aos
palestinianos, sobre a construção de colonatos e sobre a falta de progresso nas
negociações de paz.
O artigo de Borrell
lamentava que "nem o lado israelita nem o lado palestiniano estejam
prontos para a paz", pedindo à Palestina para "renunciar ao
terrorismo" e a Israel para terminar a construção de colonatos na
Cisjordânia ocupada.
Neste aspecto, a UE e os
Estados Unidos, o aliado mais próximo de Israel, estão juntos nas críticas aos
recentes anúncios de novos colonatos na Cisjordânia, feitos pelo Governo de
Netanyahu. ANG/Angop
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