ONU/Presidente
da AG alerta que nunca neste século o mundo esteve tão perto da catástrofe
global
Bissau, 30 Ago 23 (ANG) – As Nações Unidas (ONU) alertaram terça-feira que o mundo está “mais perto do que em qualquer outro momento deste século da catástrofe global”, assinalando o Dia Internacional contra os Testes Nucleares apesar de haver “poucos motivos para comemorar”.
Numa
reunião plenária de alto nível para promover a data, o presidente da
Assembleia-Geral da ONU, Csaba Korosi, abriu a sessão com um discurso crítico,
lamentando que a crescente desconfiança, competição geopolítica e um número
crescente de conflitos armados apenas levaram ao aumento dos perigos no mundo,
referindo especificamente as “ameaças regulares de recorrer a um ataque nuclear
na guerra na Ucrânia”.
“Os
gastos militares globais atingiram um recorde de 2,2 biliões de dólares (cerca
de dois biliões de euros) em 2022. Vemos muitos sinais de que os arsenais e as
capacidades nucleares estão a aumentar, contrariando o Tratado de Não
Proliferação de Armas Nucleares”, disse.
“Faz
algum sentido ameaçar um país vizinho com um ataque nuclear? Essa abordagem
diminuiu os conflitos? Estamos agora mais seguros? Não, de todo! Estamos mais
perto do que em qualquer outro momento deste século da catástrofe global”,
argumentou o diplomata húngaro.
De
acordo com Korosi, apostar em armas nucleares nada mais é do que uma “terrível
armadilha para a humanidade”, feita através de desvios de fundos públicos.
Os
investimentos e a modernização contínua das armas nucleares são simplesmente
incompatíveis com os objetivos, aspirações e promessas de acabar com a pobreza,
com as alterações climáticas ou com a perda de biodiversidade, acrescentou.
Nesse
sentido, o presidente da Assembleia-Geral recordou que o Tratado de Proibição
Total de Ensaios Nucleares é uma parte fundamental da estrutura internacional
de desarmamento, mas sublinhou que o facto de ainda não ter entrado em vigor –
27 anos após a sua adoção – constitui uma lacuna grave no quadro global.
“Este
é um lembrete claro de que temos assuntos inacabados. Apelo aos restantes
países para que finalmente assinem e ratifiquem o Tratado. (…) É nosso dever
garantir que a proibição dos testes nucleares seja juridicamente vinculativa
para todos os Estados. (…) A chamada ‘guerra nuclear limitada’ não existe”,
apelou.
“Em
nome dos nossos entes queridos e das gerações futuras, é hora de evitar a
destruição nuclear global. É hora de pôr fim à ameaça do nosso suicídio
colectivo. Este pode ser o seu legado”, concluiu o húngaro.
De
acordo com a ONU, desde 1945, mais de 2.000 testes nucleares infligiram
sofrimento a populações, envenenaram o ar e devastaram paisagens em todo o
mundo.
Num
momento em que quase 13.000 armas nucleares estão armazenadas em todo o mundo —
e os países estão a trabalhar para melhorar a sua precisão, alcance e poder
destrutivo -, o secretário-geral da ONU, António Guterres, recorreu às redes
sociais para defender uma proibição juridicamente vinculativa dos testes
nucleares.
“Em
nome das vítimas dos ensaios nucleares, apelo a todos os países que ainda não
ratificaram o Tratado de Proibição Total de Ensaios Nucleares para que o façam
imediatamente, sem condições. Vamos acabar com os testes nucleares para
sempre”, apelou Guterres numa publicação no Instagram.
ANG/Inforpress/Lusa
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