Brasil/Substância
extraída do veneno de peixe identificada
para tratar asma
Bissau, 25 Ago 23IANG) – Um grupo de investigadores do Instituto Butantan do Brasil anunciou hoje ter identificado uma substância extraída do veneno de uma espécie de peixe com propriedades anti-inflamatórias que é eficaz no tratamento da asma.
A
proteína é capaz de reduzir em mais de 75% o número de células que, em
decorrência da asma, causam inflamação e danos ao tecido pulmonar, informou a
entidade científica ligada ao governo do estado de São Paulo.
Os
resultados de um estudo para o tratamento da asma com a proteína TnP, derivada
do veneno do peixe-sapo de pontas claras (“Thalassophryne nattereri”), foram
publicados num artigo da última edição da revista científica Cells.
A
proteína foi descrita em 2007 pelas imunologistas Carla Lima e Monica Lopes
Ferreira, investigadoras do Butantan, e sintetizada em laboratório pela
organização, que a patenteou nesse mesmo ano.
Desde
então, vários projetos de investigação da organização têm apontado a partícula
como potencial candidata ao sucesso no tratamento de algumas doenças
inflamatórias crónicas.
No
caso específico da asma, os investigadores testaram um grupo de animais com
asma tratados com a partícula, outro grupo tratado com dexametasona, que é o
medicamento utilizado para combater a doença, e um terceiro grupo que recebeu
placebo.
Nos
animais tratados com TnP, além de uma redução de 75% no número de células que
causam inflação e danos ao tecido pulmonar, a substância reduziu em 100% o
número de eosinófilos, responsáveis pela inflamação em metade dos pacientes com
asma.
O
tratamento com a proteína sintetizada também reduziu a hiperplasia das células
brônquicas produtoras de muco, que os médicos acreditam ser a chave para
aliviar os sintomas da asma.
Ao
contrário das terapias convencionais para a asma, que podem causar sintomas
como taquicardia, agitação e dor de cabeça, a TnP não teve efeitos adversos.
Este
peixe, cujo veneno é estudado pelo Instituto Butantan desde 1996, é venenoso e
habita a costa atlântica entre o nordeste do Brasil e o noroeste da Colômbia e,
por se esconder em buracos na areia e sobreviver até 18 horas fora de água,
costuma causar acidentes com banhistas.
O contacto com os seus espinhos provoca dor aguda, sensação de queimadura, inchaço e necrose dos tecidos. ANG/Inforpress/Lusa
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