quarta-feira, 16 de agosto de 2023

Niamey/Nigerinos mobilizam-se para recrutamento contra eventual intervenção

Bissau, 16 Ago 23 (ANG) - Habitantes da capital do Níger, Niamey, estão a preparar-se para uma guerra contra os países da região que admitem intervir no país para repor a ordem constitucional, na sequência do golpe de Estado de Julho.


De acordo com a agência Associated Press (AP), os residentes pedem uma acção de recrutamento em grande escala para angariar voluntários que possam ajudar as forças armadas a combater a possível acção militar do bloco regional da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) para restaurar a presidência de Mohamed Bazoum, deposto em 26 de Julho pela junta militar.

"É uma possibilidade, e precisamos de estar prontos se acontecer", disse um dos organizadores da acção de angariação de voluntários, Amsarou Bako, à AP, referindo-se à iniciativa que vai começar no sábado em Niamey, e que se destina a qualquer pessoa com mais de 18 anos.

As tensões regionais têm crescido desde que a CEDEAO aprovou a activação da força de reacção rápida e ainda esta semana deverá ser realizada uma reunião dos ministros da Defesa dos países da região para analisar a situação.

"Uma intervenção militar sem fim à vista arrisca-se a desencadear uma guerra regional, com consequências catastróficas para a região do Sahel, que já é afectada por insegurança, deslocações de pessoas e pobreza", comentou o analista da Verisk Maplecroft Mucahid Durmaz.

Apesar dos esforços diplomáticos dos países regionais e internacionais, muitos nigerinos estão convencidos que serão brevemente invadidos, escreve a AP.

Uma eventual acção militar dividiu os países da região, com os governos da Nigéria, do Benim, da Côte d’Ivoire e do Senegal a confirmarem explicitamente a disponibilidade dos seus exércitos para intervir em território nigerino.

No outro extremo, os vizinhos Mali e Burkina Faso, governados por juntas militares, opõem-se ao uso da força e argumentam que qualquer intervenção no Níger equivaleria a uma declaração de guerra também contra os seus países.

Para além do Tchad, a Guiné, a Argélia e Cabo Verde também rejeitaram essa intervenção militar, defendendo antes o diálogo.

O Níger tornou-se o quarto país da África Ocidental a ser liderado por uma junta militar, depois do Mali, da Guiné e do Burkina Faso, que também tiveram golpes de Estado entre 2020 e 2022. ANG/Angop

 

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