CPLP/Portugal
reafirma compromisso com acordo de mobilidade
Bissau, 25 Ago 23 (ANG) – O secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros português afirmou hoje que o acordo de mobilidade entre os países lusófonos veio para ficar e prometeu o empenho de Portugal em ajudar todos os Estados-membros da CPLP a implementá-lo.
Em
entrevista à Lusa em São Tomé, onde participa esta sexta-feira no Conselho de
Ministros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), dois dias antes
da cimeira da organização, Francisco André destacou que o acordo vai aumentar a
coesão dos cidadãos lusófonos, rejeitando críticas baseadas na xenofobia ou no
protecionismo.
O
discurso anti-imigrantes na Europa, e em Portugal, é algo “sem qualquer sentido
e não assente na realidade”, porque a mobilidade gera na “história da
humanidade oportunidade de desenvolvimento, oportunidades económicas para todos
os cidadãos do mundo e, neste caso, para os cidadãos que integram o espaço da
CPLP”.
“Aquilo
que nós sabemos é que, com a implementação deste acordo de mobilidade, irá
haver cada vez mais oportunidades para todos os cidadãos destes Estados, para
que cidadãos de Portugal possam ir trabalhar para outros países e também para
cidadãos de outros países da CPLP procurarem oportunidades noutros países, seja
em Portugal, seja em qualquer outro país-membro da comunidade”, explicou.
Trata-se
de um “marco histórico que se conseguiu com este acordo da mobilidade assinado
na cimeira de Luanda há cerca de dois anos”, disse, recordando que “Portugal já
adotou as medidas necessárias na sua legislação interna para implementação
desse acordo, tal como Cabo Verde e Moçambique, e todos os outros estão a fazer
esse caminho”.
Angola
estabeleceu em Luanda a aposta na economia como o vetor da sua presidência que
agora termina e Francisco André faz um balanço positivo do esforço, mesmo que
não existam resultados evidentes.
“O
pilar económico da CPLP foi bastante valorizado durante a presidência angolana,
mereceu sempre um total apoio e respaldo da parte de Portugal e muito se fez
durante nestes dois anos para avançar no reforço do pilar económico”, afirmou o
governante, que não quis especificar que tipo de avanços ou comentar a criação
de um banco de desenvolvimento lusófono, proposto em Luanda.
“Há
questões sempre técnicas, como a criação de novas instituições, que requer
tempo”, justificou.
Para
os próximos anos, a CPLP irá ter como foco a juventude e sustentabilidade,
temas da cimeira são-tomense, e que “estão completamente interligados com a
questão do reforço do pilar económico da CPLP para se criarem mais
oportunidades comerciais, mais programas de cooperação económica, mais
oportunidades de negócio e, com isso, ir respondendo ao essencial que é gerar
mais oportunidades de emprego e desenvolvimento em todos os países da CPLP, e
não num Estado ou noutro Estado”.
Sobre
a Guiné Equatorial, país que aderiu à CPLP há nove anos, com promessas de
promoção do português e fim da pena de morte, Francisco André não quis comentar
a situação do país, considerado uma das ditaduras mais fechadas do mundo por
várias organizações.
“Eu
acho que o que é importante sinalizar neste momento é que a Guiné Equatorial
tem dado passos para a sua plena integração na CPLP: tinha um calendário, um
programa de trabalho que tem vindo a cumprir e nós reconhecemos os progressos
que têm vindo a ser feitos”, disse Francisco André, que comentou também a
possibilidade de novas adesões à organização por parte de países que não têm o
português como língua principal, como é o caso do Gabão.
“O
que posso dizer é que não está em cima da mesa nenhuma discussão sobre alterar
a configuração institucional da CPLP”, afirmou o governante português,
admitindo que outra coisa é a “participação de observadores associados e de
países que encontram na CPLP um espaço atrativo”, um “espaço que comunga da
língua portuguesa e uma plataforma internacional muito importante em termos de
desenvolvimento, em termos de oportunidades económicas e de afirmação
geopolítica”.
A CPLP, que integra Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste, realiza a XVI conferência de chefes de Estado e de Governo, em São Tomé e Príncipe, no próximo domingo, sob o lema “Juventude e Sustentabilidade”.ANG/Inforpress/Lusa
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