CPLP/Guiné Equatorial quer avançar para nova etapa de integração e
cooperação na organização
Bissau, 15 ago 23 (ANG) - A
Guiné Equatorial quer passar para outra etapa de integração como Estado-membro
da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), "mais dinâmica"
e baseada na "cooperação", defendeu hoje o embaixador do país em
Lisboa.
A Guiné Equatorial
"beneficiou de um programa de apoio à integração [na CPLP], e de
acompanhamento, que foi concebido num tempo real", afirmou o diplomata
Tito Mba Ada, em Lisboa desde 2016, dois anos depois da adesão do país à
organização lusófona.
Essa etapa, adianta o
embaixador, "terminou em 2022".
"Veremos os bons
resultados, tiramos lições e fazem-se recomendações", acrescentou. E
graças a elas, na opinião do diplomata são dados "outros passos, com
certeza, para não repetir".
Tito Mba Ada adiantou que a
Guiné Equatorial vai ter a oportunidade de apresentar um relatório de avaliação
do último programa de apoio à integração do país na CPLP, em São Tomé e
Príncipe, que indica como foi implementado. "Cremos que as tarefas foram
bem feitas", afirmou.
O relatório desse programa
será apreciado no Conselho de Ministros que antecede a XIV cimeira de Chefes de
Estado e de Governo da CPLP, que decorre a 27 de agosto em São Tomé e Príncipe,
país que assume nessa data a presidência rotativa da comunidade, sucedendo a
Angola.
Para o diplomata, o seu país
aproveitou "bem as formações e intercâmbios" com os outros
Estados-membros, mas há coisas que querem continuar, sublinhou.
"A língua portuguesa no
sistema educativo do país já não é para nós [referindo-se aos da sua geração,
num país maioritariamente falante de espanhol], é para os jovens. Os jovens
estão a aprender e o sistema educativo está a avançar. (...) E a língua
portuguesa é a nossa língua e não tem data de caducidade", comentou.
"Vamos começar agora
uma nova etapa de cooperação, em que gostaríamos de trabalhar com programas
mais amplos", reforçou.
No caso da língua
portuguesa, defendeu o embaixador, "é necessária uma estratégia de
intervenção conjunta entre diferentes eixos", com destaque para o ensino.
E, avançou, "a etapa seguinte vai ser de cooperação".
Mas não é o único caso.
"Nós também queremos bases sólidas para uma nova etapa que visa assumir o
acervo comunitário como assunto nacional. Significa que o Governo quando pensou
a integração tinha cinco departamentos implicados na cooperação com a CPLP, com
pontos focais. E graças às lições tiradas [anteriormente], agora, na nova fase,
o governo já determinou expandir a cooperação da CPLP a todos os departamentos
[do Estado], com a criação de um decreto que cria pontos focais em todos os
departamentos da administração", exemplificou.
"Isto significa que o
acervo comunitário agora é assunto nacional e é nosso, e a cooperação da CPLP
também coincide agora com os diferentes departamentos. Isso antes não era
assim, mas a segunda etapa já é cooperação", explicou.
Concluindo: "Então o
primeiro plano de integração foi de acompanhamento, mas agora será de
cooperação, identificando e quantificando. Essa é a etapa para que há que dar
agora", salientou o embaixador em Lisboa.
"Fechamos uma etapa, o
programa de acompanhamento já terminou em 2022, mas não termina aí",
afirmou TiTo Mba Ada.
Para o diplomata, "o
processo de integração é partilha, é dinamismo, não é estático".
"Vamos aumentar a
cooperação em todas as áreas, na língua, política, economia, e outras", apelou.
No caso do ensino do
português, para o embaixador, também passa por trazer alunos da Guiné
Equatorial para estudar em Portugal ou outros Estados-membros, mas para isso é
“necessário que os vistos avancem”.
A comunidade foi criada em
1996, mas a Guiné Equatorial só viu a sua adesão concretizada na cimeira de
Díli, Timor-Leste, em 2014. Uma adesão envolta num ambiente de polémica
política, por ser um país que falava espanhol, no qual ainda vigorava a pena de
morte e gerido por um regime acusado por organizações internacionais de
desrespeitar os direitos humanos.
A CPLP hoje integra nove
países: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique,
Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.ANG/Lusa
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