Etiópia/União Africana condena golpe de Estado no Gabão
Bissau, 31 Ago 23(ANG) – A União Africana condenou quarta-feira “firmemente” o golpe de Estado no Gabão, considerando que é uma “flagrante violação” dos princípios da organização.
O presidente da comissão
da União Africana, Moussa Faki Mahamat, “apela às forças de segurança para
terem em conta a sua vocação republicana, a garantia da integridade física do Presidente
da República, dos membros da sua família e dos seus governantes”, lê-se num
comunicado, citado pela agência France-Presse.
A reação da União
Africana é a mais recente de um conjunto de declarações da comunidade
internacional, no dia em que Marrocos, um tradicional aliado do Gabão, disse
que “segue de perto” a evolução da situação, mas sem condenar o golpe contra o
Presidente.
“Marrocos confia na
sabedoria da nação gabonesa, das suas forças vivas e das suas instituições
nacionais para avançar numa perspectiva que permita actuar nas áreas do
interesse superior do país”, lê-se num breve comunicado do Ministério dos
Negócios Estrangeiros, citado pela agência Efe.
Os militares anunciaram
hoje que tinham “posto um fim no atual regime” no Gabão e colocaram o
Presidente, Ali Bongo Ondimba, sob prisão domiciliária, depois de ter vencido
as eleições do passado fim de semana.
Há 55 anos que esta
nação africana, rica em petróleo e membro da Organização dos Países
Exportadores de Petróleo (OPEP), é governada por membros da família Bongo, com
o atual Presidente a ter sucedido ao seu pai em 2009.
Os residentes
manifestaram-se hoje as ruas para apoiar os militares, mesmo depois de o
Presidente ter pedido aos “amigos” para “fazerem barulho”.
O Gabão enfrenta desde a
madrugada de terça-feira um golpe de Estado levado a cabo por militares,
iniciado pouco depois de terem sido anunciados os resultados das eleições de
sábado, segundo os quais o Presidente, Ali Bongo Ondimba, permaneceria no
poder, dando continuidade a 55 anos de domínio do poder pela sua família.
Um grupo de militares do
Gabão anunciou na televisão o cancelamento das eleições presidenciais que
reelegeram Ali Bongo e a dissolução de todas as instituições democráticas.
Depois de constatar “uma
governação irresponsável e imprevisível que resulta numa deterioração contínua
da coesão social que corre o risco de levar o país ao caos (…) decidiu-se
defender a paz, pondo fim ao regime em vigor”, declarou um dos militares.
O mesmo militar,
alegando falar em nome de um Comité de Transição e Restauração Institucional,
disse que todas as fronteiras do Gabão estavam “encerradas até nova ordem”.
De acordo com a
France-Presse, durante a transmissão televisiva ouviram-se tiros de
metralhadoras automáticas em Libreville.
Horas antes, a meio da
noite, às 03:30 (01:30 em Cabo Verde), o Centro Eleitoral do Gabão (CGE, na
sigla em francês) tinha divulgado na televisão estatal, sem qualquer anúncio
prévio, os resultados oficiais das eleições presidenciais.
A comissão eleitoral anunciou
que o Presidente Ali Bongo Ondimba, no poder há 14 anos, tinha conquistado um
terceiro mandato nas eleições de sábado com 64,27% dos votos expressos,
derrotando o principal rival, Albert Ondo Ossa, com 30,77% dos votos.
O anúncio foi feito numa
altura em que o Gabão estava sob recolher obrigatório e com o acesso à Internet
suspenso em todo o país, medidas impostas pelo Governo no sábado, dia das
eleições. ANG/Inforpress/Lusa
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