CPLP/“Anomalias” com vistos de mobilidade serão corrigidas – secretário-executivo
Bissau, 23 Ago 23 (ANG) – O secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) disse terça-feira ter “a garantia” do Governo português de que “num futuro muito próximo” poderão ser “corrigidas algumas anomalias” existentes nos primeiros meses de implementação dos vistos de mobilidade.
Em
resposta aos problemas que têm surgido com vistos de cidadãos de
Estados-membros da CPLP ao abrigo do Acordo de Mobilidade da comunidade e da
nova lei de estrangeiros, o embaixador Zacarias da Costa procurou
desdramatizar: “Todos queremos sempre um quadro ideal, mas a realidade é
outra”.
“Temos
que olhar sempre para os meios disponíveis em termos humanos, em termos
logísticos, para implementar um acordo de grande envergadura, com consequências
muito grandes para a vida dos nossos Estados-membros”, frisou, em entrevista à
Lusa.
O diplomata
timorense Zacarias da Costa está a concluir o seu primeiro mandato como
secretário-executivo da CPLP e inicia o segundo mandato com a tomada de posse
na próxima cimeira de chefes de Estado e de Governo, a realizar no domingo em
São Tomé e Príncipe, que assumirá a próxima presidência rotativa da
organização.
Para
o responsável, todos estão “a olhar para Portugal, porque o fluxo dos outros
Estados-membros é maior [para cá]”, o que considera normal.
Por
outro lado, adiantou que tem tido “reuniões de trabalho com o Governo de
Portugal” e disse julgar que “aquilo que não estava bem nos primeiros meses da
implementação [dos vistos CPLP] será corrigido”.
“Temos
a garantia do Governo de Portugal que todos os meios que serão necessários
estarão também disponíveis para podermos, num futuro muito próximo, se possível
até corrigirmos algumas anomalias que existiram nos primeiros meses da
implementação [dos vistos para cidadãos lusófonos]”, salientou.
No
entanto, frisou: “Cabe a Portugal, em primeiro lugar, avaliar os primeiros
meses de implementação e, naturalmente, depois propor medidas que possam
responder de uma forma favorável e positiva aos anseios dos nossos cidadãos”.
Quando
questionado sobre que “anomalias” destaca, apontou que são públicas: “as que
ocorreram em termos de pedidos de vistos, a morosidade que se nota em alguns
consulados, quer em relação aos estudantes, quer em relação às pessoas à
procura de emprego”, exemplificou.
O
Acordo de Mobilidade aprovado na última cimeira da CPLP, em Angola, em julho de
2021, resultou de uma proposta da presidência de Cabo Verde.
O
documento foi aprovado pelos nove Estados-membros e ratificado em 15 meses por
todos.
Mas,
até agora, só Portugal, Cabo Verde e Moçambique já estão a aplicá-lo na ordem
interna.
A
Associação de Defesa dos Direitos dos Imigrantes diz que há muito
“arrependimento” entre os imigrantes que recorreram ao visto em Portugal porque
o visto CPLP dá para entrar em Portugal, mas não permite circular pelo espaço
Schengen.
Em
dois meses, mais de 113 mil cidadãos da CPLP obtiveram autorizações de
residência em Portugal ao abrigo da nova lei dos Estrangeiros, que contempla
facilidade de entrada para os cidadãos do espaço daquela comunidade com base no
Acordo de Mobilidade.
A
CPLP é composta por Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial,
Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
ANG/Inforpress/Lusa
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