Rússia/Confirmada morte de Evgeni Prigozhin, líder da Wagner
Bissau, 24 Ago 23 (ANG)– Falta ainda identificar formalmente o corpo de Evgeni Prigozhin, líder das tropas paramilitares Wagner, após a queda do avião em que seguia, a 23 de Agosto, de Moscovo rumo a São Petersburgo.
Dez pessoas morreram,
incluindo Evgeni Prigozhin e o seu braço direito Dmitry Outkine, quando o avião
se despenhou em circunstâncias ainda por esclarecer.
Evgeni Prigozhin, cabecilha da influência russa em África, morreu quarta-feira
após o avião privado em que seguia se ter despenhado.
A aviação russa confirmou que o fundador da Wagner constava da lista das
nove pessoas a bordo do aparelho.
De acordo com os serviços de busca e salvamento não há sobreviventes.
Evgeni Prigozhin era conhecido pela sua companhia de mercenários: o
grupo Wagner, uma organização bem presente em vários países do continente
africano como a RCA, o Mali ou a Líbia.
A morte do oligarca russo de 62 anos acontece num momento sensível. Há
dois meses Prigozhin protagonizou um “assalto falhado” ao Kremlin, uma
declaração de guerra que azedou por completo as relações com o líder russo
Vladimir Putin.
Até ao momento, o Kremlin não se pronunciou sobre a morte de Prigozhin.
Porém, considerando o canal de Telegram Grey Zone, ligado ao Grupo
Wagner, “Prigozhin, morreu em resultado das ações dos traidores da Rússia”, uma
vez que garantem que o avião foi abatido pelas defesas aéreas russas.
O mercenário mais poderoso da Rússia foi um dos rostos de várias
vitórias de Moscovo na guerra da Ucrânia, nomeadamente na batalha de Bakmut.
A invasão da Ucrânia e a
participação do grupo Wagner na operação, abriu horizonte a Prigozhin que, se
considerando “intocável, sonhava chegar à chefia do exército russo.
As forças da Wagner protagonizaram há dois meses uma rebelião contra o
poder central russo e estão muito presentes em vários terrenos africanos, caso
do Mali ou da República centro-africana. Uma presença que também aconteceu em
Moçambique, embora tenha sido uma operação curta depois de inúmeras
perdas.
O continente africano foi palco de grandes vitórias políticas que
acabaram por marcar o regresso da influência russa ao continente. Evgeni
Prigozhin afirmava trabalhar por uma Rússia “ainda maior” e uma África “ainda
mais livre”.
Foi, de resto, em África, precisamente, que o líder da Wagner fez a sua
última aparição, há poucos dias.
A história da companhia de mercenários confunde-se com a personalidade
de Prigozhin e a mega estrutura financeira que montou, nomeadamente através da
profunda implementação em África.
Deslocou-se secretamente e assumiu posições estratégicas na Síria,
Líbia, Sudão, RCA e Mali. Os homens da Wagner aprenderam a dominar os terrenos
e a tornarem-se indispensáveis tanto aos regimes autoritários - como forma de
garantir a longevidade desse regime - como ao Kremlin, ao espalharem a
influência russa no continente.
A progressão fulgurante da influência russa em África é obra de
Prigozhin e uma das suas grandes vitórias.
O grupo soube aproveitar os erros da diplomacia francesa e a grande
frustração social das antigas colónias. Bastou a este “cozinheiro do Kremlin”
atiçar o fogo em alguns pontos e influenciar outros, para a baixo custo
recolher os frutos de maneira oportunista e oferecer as vitórias geopolíticas a
Moscovo.
Com a morte de Prigozhin a questão que agora se levanta é sobre o futuro
do Grupo Wagner em África. ANG/RFI
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