Angola/Unita lançou formalmente iniciativa para a destituição do Presidente Angolano
Bissau, 18 Ago 23 (ANG) - A Unita, principal
partido de oposição, lançou quarta-feira formalmente a iniciativa de
destituição do Presidente João Lourenço.
Com alguns parlamentares ausentes, 86 deputados dos
90 que compõem o grupo parlamentar desse partido subscreveram esta iniciativa à
qual também aderiu o Bloco Democrático e o PRA JA Servir Angola que compõem
juntamente com a Unita a plataforma Frente Patriótica Unida (FPU).
Durante a cerimónia de lançamento desta
iniciativa, Adalberto da Costa Júnior, líder da Unita, sublinhou que não se
trata de um "simples acto
de competição pelo poder".
"Seja
qual for o resultado do processo de destituição, no final o país sairá a ganhar
porquanto estes actos reconduzem a um maior respeito à lei, acrescem
sensibilidade governativa", sublinhou o
presidente da Unita após relembrar que a destituição do Presidente da República
é um processo que implica a recolha das assinaturas de pelo menos um terço dos
deputados em funções para ser apresentada à Assembleia Nacional, sendo que a
deliberação exige a aprovação por uma maioria de dois terços dos parlamentares.
O acto em si “constitui uma
chamada de atenção para que quem governa (...) tenha mais cuidado e maior
responsabilidade, cingindo os seus actos aos marcos da Constituição e das leis” argumentou
ainda Adalberto da Costa Júnior ao considerar que a iniciativa lançada pelo seu
partido contribui “para que no final
os cidadãos progridam em matéria de cultura política e jurídica”.
Por outro lado, o líder do principal partido
de oposição também lançou farpas sobre a “lamúria e o choradinho” do MPLA, no
poder, que perante esta iniciativa acusou em diversas ocasiões a Unita de
pretender desestabilizar o país.
"Que
fique bem claro que este processo não é um simples acto de competição pelo
poder, aliás, o processo de destituição, sendo bem-sucedido, conduz à tomada de
posse da vice-presidente como Presidente da República e não nos parece que ela
pertença à Unita”, declarou o responsável político ao rematar que, por isso, “não faz qualquer
sentido toda essa lamúria, esse choradinho, de quem não foi suficientemente
corajoso para alertar e ajudar, de quem se sentiu confortável no mar das
benesses e agora pretende atirar areia os olhos dos outros, com fantasmas de
instabilidade ou assaltos ao poder, completamente infundados”.
Discursando igualmente na cerimónia de lançamento
da iniciativa para a destituição de João Lourenço, Abel Chivukuvuku,
responsável da PRA-JA Servir Angola, insistiu sobre a legitimidade desse
processo.“É legítima e legal a iniciativa do grupo parlamentar da
UNITA, ela repousa sobre fundamentos criminais e fundamentos políticos” disse
Chivukuvuku ao considerar que processo democrático angolano “recuou com o
actual Presidente”.
Filomeno Vieira Lopes, presidente do Bloco
Democrático, que também integra a FPU, expressou o seu apoio à iniciativa e
acusou o Presidente da República de “ter abusado da boa-fé dos angolanos”.
João Lourenço, também presidente do MPLA,
efectua desde Setembro de 2022 o seu segundo mandato presidencial. Ele tem sido
acusado pelos partidos de oposição e por grupos da sociedade civil de dirigir
um regime autoritário e corrupto.
O grupo parlamentar do MPLA que com 124
deputados tem a maioria dos 220 assentos, reafirmou ainda na segunda-feira o
seu total apoio ao Presidente da República e garantiu “alto e em bom som” que
não haverá destituição do Presidente da República.
O MPLA dirige os destinos de Angola desde a
sua independência em 1975.
ANG/RFI
Sem comentários:
Enviar um comentário