EUA/Alterações climáticas aumentam mortes nos países mais frágeis em conflito – FMI
Bissau,31 Ago (ANG) – O Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou quarta-feira num relatório que as alterações climáticas estão a agravar os conflitos existentes nas nações frágeis, principalmente no continente africano, aumentando o número de mortes nesses países.
“Os choques climáticos
pioram significativamente o conflito, aumentando a fragilidade, ainda que os
choques climáticos não desencadeiem um novo conflito, já que estes derivam de
uma complexa gama de fatores, os choques climáticos aumentam a intensidade do
conflito onde ele já existe”, disse o FMI.
“As estimativas indicam
que num cenário de elevadas emissões, e mantendo-se tudo o resto igual, em 2060
as mortes por conflitos em percentagem da população num país frágil em conflito
vão aumentar em 8,5%, e até 14% em países que enfrentem um aumento extremo da
temperatura”, acrescenta-se ainda no relatório sobre o impacto das alterações
climáticas nos países mais frágeis.
Estes 39 países são a
casa de quase mil milhões de pessoas e 43% dos países pobres estão
classificados como frágeis pelo Banco Mundial, sendo que mais de metade destas
nações está em África.
O relatório, que várias
vezes usa a expressão “alerta vermelho”, estimou que mais de 50 milhões de
pessoas podem cair em situação de fome até 2060 devido à redução da produção
alimentar, em conjunto com os preços mais elevados.
As perdas económicas que
resultam de choques climáticos são mais “severas e persistentes” nas nações
frágeis do que noutros países, lê-se ainda no documento.
No mesmo dia em que o
FMI apresentou o relatório assinado por 10 economistas, foi também divulgado um
artigo de opinião assinado por Jihad Azour e Abebe Aemro Selassie, o diretor do
departamento africano do FMI, no qual se aponta que “os parceiros
internacionais têm de apoiar os países mais vulneráveis do continente a
adaptarem-se a um clima extremo, senão os efeitos serão mais disruptivos”.
Todos os anos, escrevem
os economistas, “há mais do triplo de pessoas afetadas por desastres naturais
em Estados frágeis que noutros países, e os desastres desalojam mais do dobro
da percentagem da população que noutros países”.
As mensagens do FMI
surgem nas vésperas da Cimeira Africana do Clima, que decorre de 04 a 06 de
setembro na capital do Quénia, Nairobi, com o objetivo de debater os urgentes
desafios climáticos que o continente de 1,4 mil milhões de pessoas enfrenta, e
surge também poucos meses antes da conferência das Nações Unidas sobre o clima
(COP38), que se realiza nos Emirados Árabes Unidos em novembro e dezembro. ANG/Inforpress/Lusa
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