Gabão/General Brice Oligui Nguema, novo homem forte do país
Bissau, 31 Ago 23 (ANG) - O general Brice Oligui Nguema , que foi muito próximo do Presidente Omar Bongo Ondimba é o novo Presidente da transição no Gabão .
Até ao golpe de Estado da madrugada de
terça-feira chefe carismático e respeitado da Guarda Republicana, Nguema
ainda não deu a conhecer nenhum plano para o regresso da normalidade
democrática ao país.
Na tarde de quarta-feira, por
consenso, Brice Oligui Nguema, foi eleito Presidente da transição no Gabão
apos ter afirmado que o Presidente deposto, Ali Bongo, estava
"oficialmente reformado". Assim, Nguema que estará por detrás do
golpe que levou ao fim da dinastia de 55 anos da família Bongo Ondimba,
assume as rédeas do país tendo já restabelecido a ligação internet, assim como
a redifusão da RFI e dos canais de televisão France 24 e TV5 Monde, suspensos
pelo anterior regime.
Mas quem é este general? Oligui Nguema tem
48 anos e é de etnia Fang por parte do pai. Cresceu principalmente com a mãe,
na província Haut-Ogooué, junto à fronteira com o Congo e conhecida
como um dos redutos dominados pelo clã Bongo Ondimba. Ingressou no
Exército e entre 2005 e 2009 foi chefe de campo de Omar Bongo Ondimba,
seguindo o antigo Presidente que ficou no poder durante 41 anos até ao seu
leito de morte.
Apesar de apreciado pela sua discrição e
eficiência, o então novo Presidente, Ali Bongo, afastou-o das luzes da ribalta,
remetendo-o para cargos diplomáticos em Marrocos e no Senegal. Após 10 anos do
que muitos disseram à AFP ter-se tratado de uma "travessia do
deserto", Brice Oligui Nguema assumiu em 2018 a chefia dos serviços
de inteligência do Gabão e seis meses depois passou a liderar a Guarda Republicana,
a unidade mais poderosa das Forças Armadas do Gabão.
Neste cargo, o general pressionou o
Presidente a melhorar as condições de vida dos seus soldados, investindo em
melhores estruturas, mais condições para as famílias dos militares e renovação
dos alojamentos de função. Assim, pouco a pouco, Brice Oligui Nguema foi
recolhendo a confiança dos seus homens e a simpatia dos descontentes com a
situação no país.
Em entrevista ao "Le Monde" na
quarta-feira, o general, que é conhecido por se manter no anonimato, disse que
no Gabão reinava há muito "um grande descontentamento" ampliado pela
"doença do chefe de Estado", que em 2018 sofreu um AVC.
"Toda a gente falava, mas ninguém era
responsável. Ele não tinha direito a um terceiro mandato. Constituição foi
posta de parte, a própria eleição não decorreu da melhor forma. Então o
exército decidiu virar a página, tomar nas mãos as suas
responsabilidades", disse Brice Oligui Nguema. ANG/RFI
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