Angola/A SADC e os desafios da Cimeira de Luanda
(Por Francisca Augusto da (Angop)
Bissau, 17 Ago 23 (ANG) - A 43ª Cimeira dos Chefes de Estado e de
Governo da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), a decorrer
esta quinta-feira, em Luanda, marca o início de uma nova página na região, que
tem pela frente problemas inadiáveis, como o terrorismo e as desigualdades
sociais.
A Cúpula ocorre numa altura em que
persistem os conflitos no Leste da República Democrática do Congo, opondo este
país ao Rwanda, e na província de Cabo Delgado, Moçambique, situações para as
quais se deverá dar particular atenção, tendo em conta o seu impacto
negativo.
Com esse encontro de alto nível, a
SADC tem tudo para rever a sua estratégia de desenvolvimento e procurar por
soluções mais ajustadas à realidade do continente, em particular, e do mundo,
em geral, a fim de corresponder aos grandes anseios das suas 16
comunidades.
A Cúpula, que ficará marcada pela
atribuição da presidência rotativa a Angola, para um novo mandato de um ano,
representa um passo importante para o cumprimento dos objectivos estratégicos,
principalmente o de atingir o desenvolvimento sustentável.
É, pois, uma "porta aberta"
para os Estados-membros reverem a estratégia comum de consolidação da paz e da
segurança, do crescimento e da redução da pobreza, por forma materializarem o
sonho da construção de uma comunidade pacificada e próspera.
Espera-se que nesta Cimeira, cujo tema
é "Capital Humano e Industrialização", os Estados da SADC consigam
marcar passos seguros e consistentes para acabarem, de uma vez, com o
terrorismo na região e consolidarem o sonho da Zona de Livre Comércio.
Assim, os líderes da organização têm
uma oportunidade de adoptar novas estratégias para elevar a qualidade de vida
das populações, principalmente as camadas sociais mais desfavorecidas.
Por isso, a Cimeira deve constituir um
momento singular para reafirmar o compromisso da integração regional e elevar a
cultura democrática dos Estados- membros, dois pressupostos fundamentais para o
esperado desenvolvimento sustentável.
Não restam, pois, dúvidas de que o
desenvolvimento e a industrialização da região só serão possíveis num contexto
de paz e segurança, razão pela qual os Estados devem manter a aposta firme na
implementação da Agenda da SADC.
Ao assumir, pela 3ª vez, a presidência
da organização, Angola terá a oportunidade de dar visibilidade às
potencialidades locais e ajudar a pacificar uma região que precisa da união de
todos.
Para o efeito, deverá ter como âncora
a Agenda2050, o Plano Estratégico Indicativo de Desenvolvimento Regional
(2020–2030), o Plano Director de Desenvolvimento de Infra-estruturas Regionais,
assim como a Estratégia e o Roteiro de Industrialização da SADC 2017-2063.
Não é por acaso, que o tema da Cimeira
de Luanda define a visão e os objectivos da região, com foco no capital humano
e financeiro, temáticas que Angola precisa de manter no topo da agenda da SADC,
durante o seu novo mandato.
Com a industrialização sustentável da
região, Angola poderá alavancar a sua economia, aproveitando o posicionamento
geoestratégico do Corredor do Lobito, assim como acelerar as trocas comerciais,
no quadro da Zona de Livre Comércio.
Na sua futura liderança, o país deve,
também, aumentar o dinamismo nas questões de representatividade e da igualdade
de género, mobilidade entre os Estados-membros, implementação de trocas
comerciais e económicas, assim como nas acções de combate às ameaças
climáticas.
No domínio das tecnologias de
informação, abre-se uma excelente oportunidade para o país vender serviços do
Angosat 2, com o qual se poderá diminuir a exclusão digital em Angola, em
particular, e no continente africano, em geral.
Com essa tecnologia, Angola tem
condições para expandir serviços de telecomunicações às zonas recônditas do
país e aos Estados vizinhos, a preços competitivos.
No âmbito global, a SADC, criada em
1992 com o propósito de incentivar as relações comerciais entre seus 16 países
membros, tem mais uma oportunidade para voltar a centralizar a sua pauta em
torno da integração regional e avaliar os avanços da estratégia da Zona de
Livre Comércio.
Espera-se, assim, que a presidência de
Angola impulsione o mercado comum, a médio prazo, seguindo o modelo básico da
União Europeia e alguns aspectos do Mercosul, e esforços para estabelecer a paz
e a segurança na conturbada região meridional africana.
São Países-membros da SADC: África do
Sul, Angola, Botswana, Comores, Eswatini, Lesoto, Malawi, Madagáscar,
Maurícias, Moçambique, Namíbia, República Democrática do Congo, Seychelles,
Tanzânia, Zâmbia e Zimbábwe. /ANG/Angop
·
Sem comentários:
Enviar um comentário