Níger/
Hassoumi Massoudou exige libertação de Bazoum e não quer ouvir falar de
transição
Bissau,15 ago 23(ANG) - A
CEDEAO condenou a vontade do Conselho Nacional para Salvaguardar a Pátria
(CNSP) no Níger de julgar o Presidente Bazoum por “alta traição”.
Para a CEDEAO essas
declarações são uma provocação da junta militar. Em Abuja, o Ministro dos
Negócios Estrangeiros e da Cooperação do Níger, Hassoumi Massoudou, exigiu a
libertação de Bazoum.
O
Ministro dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação do Níger, Hassoumi
Massoudou, foi o convidado de Liza Fabbian e de Cyril Payen numa entrevista em
conjunto entre a RFI e o canal televisivo France 24. Em
Abuja, em exílio na Nigéria, Hassoumi
Massoudou afirmou que uma intervenção militar no Níger a CEDEAO ainda “está
na agenda”, e que não seria uma “guerra contra o Níger”.
O
ministro em exílio está preocupado com a degradação da situação securitária no
Níger e lembrou que as negociações iniciadas com o
regime militar “não deram nada”. Na entrevista, Hassoumi Massoudou
concedeu que tudo poderá ser negociável uma vez que o Presidente Bazoum “for
libertado e também reinstalado nas suas funções”.
No entanto, o político excluiu qualquer transição no país
porque isso “seria aceitar o golpe de Estado” no Níger.
«Se o Presidente Bazoum
for libertado e também restabelecido nas suas funções, tudo é negociável.
Obviamente, não está incluído no mandato da CEDEAO falar de transição, porque
isso seria aceitar o golpe de Estado. Não queremos voltar aos anos 70. É o
golpe de Estado a mais. Esses tipos de reviravoltas permitiram aceitar o que se
passou noutros países. A CEDEAO, e os chefes de Estado, eu ouvi o que eles
disseram, eles estavam muito agastados, não estão dispostos a aceitar que a lei
das armas seja superior à lei das urnas. Eles não estão dispostos a voltar aos
anos 70», frisou o Ministro dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação do Níger.
No terreno, a situação está tensa na fronteira entre o
Níger e o Benim. Devido às sanções impostas pela CEDEAO, cerca de 6 mil
motoristas não podem trabalhar e cerca de 1 500 camiões estão bloqueados visto
que querem passar a fronteira, tanto num sentido como no outro.
Em declarações à RFI, Daouda Bamba, secretário-geral da
União dos motoristas da África do Oeste, afirmou que as perdas são de cerca de “mil milhões de
francos CFA que não vão ser reembolsados nem pela CEDEAO, nem pela Comunidade
Internacional, nem por nenhum país”, e realçou que os que sofrem mais são
os motoristas que “não são pagos enquanto não entregaram as mercadorias que
transportam”.
Os
chefes de Estado-Maior da CEDEAO vão se reunir na quinta e na sexta-feira no
Gana para evocar uma intervenção militar no Níger, segundo um
porta-voz da organização. Essa reunião deveria ter tido lugar no sábado mas foi
adiada. Recorde-se que a CEDEAO activou a força de intervenção de reserva para
restabelecer nas suas funções o Presidente Mohamed Bazoum, que foi detido após
o golpe de Estado militar de 26 de Julho.ANG/RFI
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