Política/Tiros de
armas de guerra ouvidos em Bissau
Bissau, 01 dez 23 (ANG) - Tiros de armas de guerra foram
ouvidos hoje, em Bissau, por volta da 01:20, prolongando-se por alguns minutos,
como testemunhou a Lusa no local.
Os tiros foram ouvidos no bairro de Luanda, arredores de
Bissau e desconhece-se a origem dos disparos.
Os tiros acontecem na sequência de tensões vividas durante
toda a noite de quinta-feira, depois de o Ministério Público ter decretado a
prisão preventiva do ministro das Finanças, Sulemaine Seide, e do
secretário de Estado do tesouro, António Monteiro.
Os dois membros do Governo foram levado para a sede da
Polícia Judiciária, de onde terão sido retirados das celas por elementos da
Guarda Nacional, segundo indicaram à Lusa várias testemunhas.
O ministro da Economia e Finanças da Guiné-Bissau,
Suleimane Seidi, e o secretário de Estado do Tesouro, António Monteiro, foram
hoje detidos no âmbito de um processo relacionado com pagamentos a empresários,
disse à Lusa fonte judicial.
De acordo com a fonte, Seidi e Monteiro ficaram em prisão
preventiva e foram conduzidos para as celas da Polícia Judiciária no bairro do
Reno, perto do Mercado do Bandim, no centro de Bissau, após cerca de seis horas
de audição no Ministério Público.
Os dois governantes estão a ser investigados no âmbito de
um pagamento de seis mil milhões de francos CFA (cerca de 9,14 milhões de
euros) a 11 empresários, através de um crédito a um banco comercial de Bissau.
A oposição, que denunciou o caso no parlamento, defende
tratar-se de crime prevaricação e desrespeito a normas orçamentais, imputados
ao Ministro da Economia e Finanças, ouvido na passada segunda-feira no
parlamento.
Naquela instância, Suleimane Seidi confirmou a solicitação
do crédito, defendeu que todo o processo obedeceu à legalidade e ainda
reafirmou ser um procedimento normal entre os Governos da Guiné-Bissau.
A oposição, na voz do Movimento para a Alternância
Democrática (Madem G15) considera o processo fraudulento por envolver
"apenas empresários ligados ao Governo" da coligação Plataforma
Aliança Inclusiva (PAI - Terra Ranka).
Logo após a denúncia do caso, o Ministério Público efetuou
buscas e apreendeu documentos no Ministério da Economia e Finanças e ainda no
banco que concedeu o crédito para o pagamento aos empresários.
Vários dirigentes do Ministério da Economia e Finanças já
foram ouvidos desde a semana passada e hoje os dois principais responsáveis da
instituição foram detidos.
Suleimane Seidi e António Monteiro são dirigentes do
Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), que lidera a
coligação PAI -Terra Ranka, no Governo, juntamente com o Partido da Renovação
Social (PRS), Partido dos Trabalhadores da Guiné (PTG) e mais cinco pequenas
formações políticas.
O Madem G15 e a Assembleia do Povo Unido - Partido
Democrático da Guiné-Bissau (APU - PDGB) são os únicos da oposição no
parlamento.
A detenção do titular da pasta das Finanças ocorreu no
dia em que o Governo aprovou, em Conselho de Ministros, o Orçamento
Geral do Estado para 2024, agendado para discussão e votação na sessão
plenária da Assembleia Nacional Popular, que decorre até 27 de dezembro.ANG/Lusa
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