Espanha/2023 foi o ano mais mortífero para os migrantes africanos
Bissau, 12 Jan 24 (ANG) - Em
2023, mais de 6.600 migrantes morreram ou desapareceram ao tentar chegar a
Espanha, e o ano ficou marcado por um
fluxo migratório sem precedentes para o arquipélago das Canárias.
A denúncia é da ONG espanhola Caminando
Fronteras.
Pelo menos 6.618 migrantes morreram ou
desapareceram ao tentar chegar a Espanha em 2023. O número equivale a uma média
de 18 migrantes mortos por dia e quase triplicou em relação a 2022. É o “mais
alto” registado pela ONG espanhola Caminando Fronteras desde o início dos seus
registos, em 2007.
No ano passado, o número de migrantes
mortos ou desaparecidos ao tentar chegar a Espanha aumentou 177%. Helena
Maleno, coordenadora da organização, denuncia a “falta de meios” de socorro no
mar, critica o que chamou de "números vergonhosos" e aponta o dedo às
autoridades espanholas e dos países de origem desses migrantes que acusa de
priorizarem o "controlo migratório" em detrimento do "direito à
vida".
Este aumento nas tragédias migratórias
ocorre numa altura em que o número de migrantes que chegaram clandestinamente a
Espanha quase duplicou em 2023, atingindo as 56.852 pessoas, devido a um
influxo sem precedentes no arquipélago das Canárias, conforme dados do Governo
espanhol.
A grande maioria das mortes de migrantes ao
tentar chegar a Espanha (6.007 no total) ocorreu na rota migratória entre as
costas do noroeste de África e o arquipélago espanhol das Canárias, no oceano
Atlântico.
De acordo com a ONG, os migrantes
desaparecidos ao tentar chegar à Espanha partiram principalmente das costas do
Senegal (3.176), um país que registou, nos últimos dois anos, vários episódios
de instabilidade política.
Além disso, a ONG contabilizou 611 mortos
ou desaparecidos no ano passado na rota migratória que liga Marrocos e Argélia
às costas do sul da Espanha. Entre as vítimas do ano passado, 363 eram mulheres
e 384 eram crianças.
A Caminando Fronteras baseia-se em chamadas
de socorro de migrantes no mar ou das famílias para elaborar os relatórios. A
Organização Internacional para as Migrações, que se baseia em testemunhos
indirectos e artigos de imprensa, contabilizou 914 desaparecidos no ano passado
na rota migratória para as Canárias e 333 entre Marrocos ou Argélia e a
Espanha. Porém a OIM sublinha que os números estão "provavelmente"
subestimados, devido à dificuldade em documentar os naufrágios e ao facto de
que a maioria dos corpos não é encontrada.
No âmbito da luta contra a imigração
ilegal, Espanha tem em Marrocos o seu principal parceiro, com quem normalizou
as relações em 2022, a um preço controverso relacionado com o Sahara Ocidental.
Além disso, Madrid também intensificou recentemente a cooperação com o Senegal
e a Mauritânia. ANG/RFI
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