Arménia/Rússia vê com hostilidade a adesão do país ao TPI
Bissau, 01 fev 24 (ANG) - A
Arménia tornou-se formalmente Estado-parte no Tribunal Penal Internacional, uma
decisão que a Rússia, tradicional aliado, considerou hostil.
A notícia foi avançada pelo representante
arménio para os assuntos jurídicos, Yegishe Kirakosyan, à Agência France Press.
"O Estatuto de Roma entrou oficialmente em vigor na Arménia nesta
quinta-feira, 1 de Fevereiro", uma decisão
que as autoridades russas já tinham descrito como hostil.
Em Março, o Tribunal Penal Internacional,
com sede em Haia, emitiu um mandado de detenção contra o Presidente Vladimir
Putin por organizar ou autorizar a deportação ilegal de crianças ucranianas
para a Rússia.
As autoridades de Erevan são agora
obrigadas a deter o Presidente russo se pisar no seu território. Yerevan é
agora obrigado a prender o presidente russo se ele pisar no seu território.
Em Outubro, o porta-voz do Kremlin, Dmitri
Peskov, considerou que a Arménia tomou "uma má decisão" ao ratificar
o estatuto de Roma. O primeiro-ministro arménio, Nikol Pashinyan, tentou
acalmar os receios do Kremlin, garantindo que a decisão não era dirigida contra
a Rússia.
“Ao
aderir ao TPI, a Arménia está a equipar-se com ferramentas sérias para prevenir
crimes de guerra e crimes contra a humanidade no território”, assegurou”, Yegishe
Kirakosyan.
A decisão Arménia ilustra o fosso que está
a aumentar entre Moscovo e Yerevan, com a Arménia a criticar a Rússia pela
inação no conflito de longa data entre a Arménia e o vizinho Azerbaijão.
Em Setembro, as forças do Azerbaijão
invadiram Nagorno-Karabakh, onde as forças de manutenção da paz russas foram
destacadas, numa ofensiva relâmpago e garantiram a rendição das forças
separatistas arménias que controlavam a região durante décadas.
A Arménia assinou o Tratado de Roma em
1999, mas não o ratificou, alegando contradições com a constituição do país. Em
Março, o Tribunal Constitucional afirmou que os obstáculos tinham sido
ultrapassados, depois de a Arménia ter adoptado uma nova constituição em
2015.
Em Outubro, Ursula von der Leyen,
presidente da Comissão Europeia, saudou a ratificação do Estatuto, declarando
que “o mundo está a encolher para o autocrata do Kremlin”.
O Tribunal Penal Internacional -criado em
2002- conduz investigações e, quando apropriado, julga acusados dos crimes
mais graves que afetam toda a comunidade internacional: genocídio, crimes de
guerra, crimes contra a humanidade e crimes de agressão. ANG/RFI
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