“A
justiça está tensa no país ao nível político-constitucional”, adverte o PGR
Bissau, 15 de Fev. 13 (ANG) - O
Procurador-Geral da República (PGR) Abdú Mané, afirmou ontem, que o país vive
numa quadra de justiça tensa e polémica, devido a existência de uma certa
desconfiança no poder judicial.
“ O momento é tenso e
polémico, porque estamos na iminência de abrirmos um novo ciclo de mudanças na
administração da justiça, e as forças de atraso, como sempre teimam em querer
assegurar a dinâmica do tempo, perpetuar o estado das velhas práticas e de uma
ordem jurídica comprometida com o passado”, criticou Abdú Mané na cerimonia da abertura
do ano judicial.
O PGR advertiu que a presente
situação pode obstruir a investigação das denúncias de corrupção que mancham a
vida de sectores da administração pública em que estão envolvidos dirigentes,
governantes e políticos e adiar a punição dos culpados.
Para Abdú Mané, o actual momento
“tenso e polémico” na justiça guineense pode ainda dissuadir a vontade política
de combater a criminalidade no país.
Segundo Abdú Mané, existe
uma certa desconfiança no poder judiciário, em que infelizmente o país tem
assistido a um processo de deterioração de valores sociais e culturais,
designadamente, a cultura de “matchundade”, de apropriação indevida e ilegítima
do bem comum, alegando ser urgente trabalhar pela consolidação das nossas
instituições.
“O verdadeiro progresso de
um país depende da ordem e, para que ela exista, é necessário que haja a
justiça. Não a justiça que se decreta, mas aquela que se observa e que se
cumpre. Daí, é preciso levar a justiça para um lugar de honra na moldura
institucional do país”, defendeu.
De acordo com o PGR, o que
está em causa no meio dessa polémica é a impunidade, a corrupção desenfreada e
a criminalidade violenta e altamente organizada.
Por esta razão, Abdú Mané entende
que é preciso ampliar as bases da cidadania activa, através de melhoria de
desempenho da democracia representativa, para que todos combatam “o poder
invisível, sem rosto que está a minar o nosso tecido social”.
AMS/ANG
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