LGDH
adverte sobre possibilidade de mais ciclo de violência no país se medidas urgentes
não forem tomadas
Bissau, 07 Fev. 13 (ANG) –
“Haverá mais conflitos, assassinatos e violações dos direitos humanos e
liberdades fundamentais, se não forem adoptadas medidas urgentes com vista a
estabilização definitiva” do país.
Esta conclusão vem expressa
no relatório da Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH) referente ao período
2010/2012 hoje tornado público numa cerimónia bem concorrida de representantes
de diferentes extractos da sociedade guineense e de organismos e corpos
diplomáticos estrangeiros.
O Documento enfatiza que o
estado em que se encontra o país, em termos dos direitos humanos é
“extremamente grave” e defende ser fundamental a introdução de abordagem que
vão além de indicadores quantitativos de ajuda, nomeadamente números de
projectos financiados.
“O que interessa para a
busca de solução deve ser a eficácia e eficiência dos projectos de ajuda a
consolidação da paz”, aponta a exposição produzida pela LGDH com o apoio do
PNUD, SWISSAD e UNICEF, UNIOGBIS e ONU-Mulher.
O relatório insta a
Comunidade Internacional (CI) a encarar o problema guineense de forma diferente
a soluções temporárias e transitórias, como acordos políticos e organizações de
eleições, como, de acordo com o mesmo documento, tem sido apanágio até aqui.
“…(A CI) deve avançar para
soluções duradouras e estruturais, com vista a resolução definitiva dos
problemas, o que passa pela criação de instituições sólidas e eficazes”,
indica.
O relatório espelha ainda
que o problema guineense não pode ficar alienado aos interesses geopolíticos e
estratégicos dos blocos sub-regionais ou a mercê de teoria de “menor esforço”
que tem sido adoptada pela CI.
As soluções para a Guiné-Bissau
têm que ser encontradas na base dos desafios estruturais, da necessidade de
estabilização definitiva do país e ter em conta os superiores interesses dos
guineenses, advoga o documento.
O relatório destaca que a
instabilidade do país é pluridimensional e interdependente em domínios tais
como da política, estrutural, da justiça, segurança, da economia e social, pois
todos tiveram e continuam a ter como actores principais as Forças Armadas (FA,
s).
Neste contexto, prossegue o
relatório, as FA, s acabam por constituir uma grande ameaça a paz, factor
principal de instabilidade e problema do qual dependem todos os demais.
O relatório nega que
disputas políticas entre as diferentes forças constitua o maior factor de
crises, tal como defendem alguns pois, acrescenta, na democracia a mesma é
inevitável.
E salienta que estas lutas
não devem ser transformadas em conflitos violentos como têm sido hábito, com a
interferência permanente das FA, s na vida política.
Quanto a impunidade que uns
outros ainda defendem como razão principal dos problemas nacionais, o relatório
lembra que tal se prende, essencialmente, com a questão de insegurança
generalizada e, em particular, para os magistrados encarregues de investigar os
casos dos assassinatos políticos, “cujos principais suspeitos são os militares,
detentores do poder real e efectivo” na Guiné-Bissau.
“Por várias ocasiões, os
procuradores e inspectores foram e continuam a ser vítimas de ameaças e intimidações
constantes” denuncia o relatório que indica ainda que as forças de segurança
foram reduzidas em meros instrumentos de manipulação das FA, s.
Como exemplo desta situação,
o relatório evoca altura das últimas eleições presidenciais, em que as forças
de segurança foram totalmente desarmadas pelo Estado Maior General das FA, s,
“na preparação do Golpe de Estado” de 12 de Abril de 2012.
Apesar da vontade da CI em
por cobro a situação vigente e garantir a estabilidade, defende a exposição, o
verdadeiro problema ainda não foi devidamente atacado.
“As reformas no sector da
Defesa e Segurança não devem ser vistas como um processo baseado num modelo
padrão (…) tem que ser compulsivas, coordenadas e supervisionadas por uma
entidade supranacional e independente”, exorta a LGDH no relatório lembrando
que sem estas medidas o processo redundaria numa frustração como se revelaram
tantas outras iniciativas neste sentido já ensaiadas.
ANG/JAM
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