Relatório
da LGDH pede definição clara e calendários eleitorais precisos do processo de
transição na GB
Bissau, 08 Fev. 13 (ANG) – a
Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH) defende uma definição clara e com
calendários eleitorais precisos do processo de transição em curso como única forma
de regresso a normalidade constitucional, funcionamento regular das
instituições, a retoma económica e redução de crises sociais no país.
A posição da LGDH consta das
recomendações expressas no relatório sobre a situação dos direitos humanos referente
ao período 2010/2012 ontem tornado público numa cerimónia bem concorrida de
representantes de diferentes extractos da sociedade guineense e de organismos e
corpos diplomáticos estrangeiros.
Referente a casos de
assassinatos políticos de 2009, o relatório defende a criação de um tribunal
internacional para investigar e trazer a justiça os seus responsáveis, “devido
a manifesta incapacidade das autoridades nacionais neste sentido”.
A revisão constitucional
para a fixação de um período de mandato para o Procurador-Geral da República, de
forma a assegurar sua independência face ao poder político e ratificação do estatuto
de Roma que cria o Tribunal Penal Internacional como mecanismo para combater
com maior eficácia a impunidade no país, constam das exortações gerais do relato
da LGDH.
O relatório advoga ainda a urgência
da reformulação do enquadramento hierárquico do Promotor da Justiça Militar, no
sentido de assegurar o seu funcionamento dependente da Procuradoria-Geral da
República, como forma de garantir a sua independência face ao Estado Maior
General das Forças Armadas (FA, s).
“É preciso Reformas
profundas no sistema da justiça criminal militar, que passa pela adopção de um código
de justiça militar e definição dos crimes de natureza militar para evitar
conflitos de competência”, escreve a LGDH no seu relatório, que defende ainda a
adopção de regulamento da disciplina militar como instrumento para assegurar o
funcionamento eficaz e regular das instituições castrenses em prol da
estabilidade político-militar.
No capítulo da Democracia e
Estado de Direito, o documento em causa lembra que é necessário implementar
reformas sérias nos sectores da Defesa e Segurança como principal instrumento
para garantir a subordinação das Forças Armadas (FA, s) ao poder político.
No concernente a educação e saúde,
o relatório lembra a necessidade de reabilitação de infra-estruturas escolares
que se encontram em avançado estado de degradação e construção de novas com o propósito
de promover o ensino básico universal.
Já no que se refere a
protecção das crianças a exposição pede o reforço de fiscalização de lei contra
tráfico de menores e adopção de instrumento legislativo que proíba e
criminalize a mendicidade forçada e trabalho infantil.
A adopção da lei contra a violência
doméstica, a necessidade de aprovação de lei que fixe a quota mínima de 35 por
cento de mulheres nas esferas de decisão política e conclusão do processo de
adopção da política nacional de igualdade e equidade de género e sua
implementação efectiva, constam do documento.
Na ocasião, o Presidente da
LGDH explicou que a publicação regular dos relatórios, tem como propósito contribuir
para operar grandes mudanças “num Estado marcado pela desde sua independência pela
instabilidade, alteração ilegal da ordem constitucional, impunidade e violação
recorrente dos direitos humanos”.
“O período alvo do presente relatório
cujo lançamento ora se assinala, foi marcado pela instabilidade cíclica,
traduzida em sucessivas disputas políticas e interferências das forças de
defesa e segurança na vida pública, aliadas ao clientelismo, a corrupção e a
impunidade, os quais continuam a ser os principais obstáculos a consolidação da
democracia e do Estado de direito”, diz Luís Vaz Martins.
Referindo-se especificamente
ao Golpe de Estado de 12 de Abril passado, o presidente da LGDH apontou-o como
uma das maiores crises dos últimos anos, pois a partir deste “acontecimento
anti-democrático”, se deu inicio a uma nova onda de violência contra os
direitos humanos, liberdades fundamentais.
“Volvido quase um anos após
o golpe de Estado que deu inicio ao período de transição em curso, as estatísticas
indicam que muito fica por fazer com vista ao retorno efectivo à ordem constitucional
devido a falta de definição clara do período e objectivos de transição”, crítica
Luís Vaz Martins.
ANG/JAM
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