terça-feira, 6 de outubro de 2015

Internacional/Portugal

Movimentações no PS para afastar António Costa

Bissau, 06 Out 15 (ANG)- Uma parte do PS não parece inclinada a deixar passar em branco a derrota nas eleições. António Galamba, por exemplo,  já pediu a demissão do líder. Ana Gomes está em estado de choque. Álvaro Beleza diz que o partido terá de ter uma discussão interna .

Segundo o jornal Observador, Álvaro Beleza vai mesmo avançar contra António Costa.
A informação foi confirmada por uma jornalista do Observador, segundo a qual Beleza irá manifestar, na reunião da Comissão Política do PS marcada para esta terça-feira, disponibilidade para avançar para a liderança do PS.

Para Álvaro Beleza, após as legislativas deste domingo, uma comissão política é “poucochinho” para o momento.

“O secretário-geral António Costa manifestou vontade de continuar. Isso abona a favor da ética republicana de uma forma transparente, mas teremos de ter uma discussão interna e é poucochinho uma comissão política, tem de haver mais”, disse Beleza.

Beleza, ainda dirigente do PS e membro do Secretariado Nacional de António José Seguro, disse ter a autoridade de “quem tudo fez para a união do partido, para que o partido se apresentasse unido às eleições”, para falar do resultado eleitoral desta noite.

“O secretário-geral do partido está no seu direito, diz que não se demite, é uma opção, o que estou a dizer é que não se compreenderia que não se fizesse um debate interno e ele vai existir”, acrescentou.

Álvaro Beleza foi um dos socialistas responsáveis pela transição entre as direções de António José Seguro e António Costa.

Na sua primeira reacção às projecções, também a euro-deputada socialista Ana Gomes admitiu estar “em estado de choque”.

“Não sei qual é o resultado, vamos aguardar para ver”, disse a euro-deputada, “mas custa-me falar”.

“A última coisa que queria era concluir que, menos do que uma vitória da coligação, isto é uma derrota do PS”, concluiu Ana Gomes.

O dirigente socialista António Galamba pediu a demissão do líder do PS, António Costa, por considerar que falhou na unidade do partido e na conquista de uma maioria absoluta.

O que o Dr. António Costa fez ao PS e ao país é criminoso“, escreve António Galamba numa declaração enviada à Lusa, na qual pede a demissão do secretário-geral do PS após a derrota nas eleições legislativas.

O antigo membro do secretariado nacional do PS no tempo da liderança de António José Seguro considera que Costa falhou os objetivos a que se propôs quando se candidatou a secretário-geral.

“Apesar do esforço dos militantes e dos simpatizantes na campanha eleitoral, o Dr. António Costa falhou os dois objetivos que motivaram o assalto à liderança do PS”, diz Galamba.

“António Costa falhou na unidade do PS. Falhou na conquista de uma maioria absoluta”, refere António Galamba, que ficou fora das listas de deputados socialista às legislativas.

No entender de António Galamba, atual membro da comissão política nacional do PS, a liderança de Costa foiinsuficiente a sublinhar os quatro anos de governo PSD/CDS e desastrosa a apresentar a alternativa do PS”.

Não é normal o PS não ganhar estas eleições. Fracassados os objetivos políticos, resta a ambição pessoal: a anunciada eventual manutenção poder a todo o custo. Depois de quatro anos de vale tudo à direita, a tentação de um vale tudo à esquerda”, diz Galamba.

O dirigente socialista recordou ainda que “Costa interrompeu um ciclo eleitoral de duas vitórias nacionais do PS, nas autárquicas e nas europeias”.

“A interpretação dos resultados só pode ser uma: demissão“, sustentou já esta segunda-feira António Braga, ex-secretário de Estado e ex-vice-presidente da bancada socialista nas lideranças parlamentares de Carlos Zorrinho e Alberto Martins.

Braga exigiu a demissão do secretário-geral do PS, considerando que António Costa “abalroou um ciclo de vitórias” do seu partido.

Também o ex-dirigente socialista José Junqueiro salientou este aspecto. Para Junqueiro, “o líder do PS interrompeu um ciclo de sucesso eleitoral continuado”.
“Deve ser António Costa o primeiro a apresentar a interpretação dos resultados das legislativas”, conclui Junqueiro.

Manifestamente, ainda não o fez.

Entretanto, o histórico dirigente socialista Manuel Alegre considerou ser "fundamental" que António Costa se mantenha "firme" na liderança do partido socialista, apesar da derrota nas legislativas de domingo.

"O PS não implodiu, teve um resultado honroso, não é para cantar vitória, mas mantém-se como a principal força de esquerda e como uma referência fundamental da democracia", diz Alegre em mensagem publicada no Facebook.

A mensagem sucede a uma entrevista dada pelo antigo candidato presidencial à rádio TSF no dia a seguir à coligação Portugal à Frente (PSD/CDS-PP) ter vencido as eleições com 38,55% (104 deputados), obtendo o PS 32,38% (85 deputados).

Manuel Alegre diz ter "anos suficientes de luta política e de PS" para entender que "a maioria esmagadora dos militantes está com António Costa".

E acrescenta: "Não vamos tentar destruir esse capital político do PS, que tem agora um líder que se adapta a essa circunstância. É fundamental que António Costa se mantenha firme à frente do PS".

O secretário-geral socialista, António Costa, vai convocar na terça-feira, durante a reunião da Comissão Política Nacional do PS, um congresso para definir a questão da liderança e da estratégia partidária após as eleições legislativas.

Fonte oficial do PS referiu à agência Lusa que na reunião da Comissão Política, além da marcação de diretas para o cargo de secretário-geral, seguidas por um congresso nacional, o Secretariado Nacional, o órgão de direção executiva dos socialistas, também poderá avançar com a convocação de congressos nas federações (as estruturas distritais).

Embora António Costa não tivesse abordado diretamente a questão da marcação do congresso do PS, deixou mesmo assim um sinal de que isso iria acontecer logo no domingo à noite.


 "Há uma coisa que todos os socialistas sabem a meu respeito desde que me inscrevi na JS aos 14 anos: Nunca sou nem nunca serei um problema para o PS. Nunca faltarei quando for preciso e nunca estarei quando estiver a mais", afirmou.  

ANG/Lusa/ZAP

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