Brasil/Juiz do Supremo Tribunal
Federal determina abertura de inquérito
contra Bolsonaro
Bissau,
28 Abr 20 (ANG) – Um juiz Supremo
Tribunal Federal do Brasil determinou segunda-feira à noite a abertura de um
inquérito para investigar as acusações de interferência em processos judiciais
contra o Presidente Jair Bolsonaro, feitas pelo ex-ministro da Justiça Sergio
Moro.
“A
análise da petição formulada pelo Senhor Procurador-Geral da República revela
práticas alegadamente delituosas que teriam sido cometidas pelo senhor
Presidente da República em contexto que as vincularia ao exercício do mandato
presidencial, circunstância essa que afastaria a possibilidade de útil
invocação, pelo Chefe do Poder Executivo da União, da cláusula de ‘imunidade
penal temporária’”, lê-se na decisão do juiz Celso de Mello, citada por vários
órgãos brasileiros.
Na
mesma nota, Celso de Mello apontou que a Polícia Federal tem 60 dias para
interrogar Sergio Moro, ex-ministro da Justiça brasileiro.
Na
sexta-feira à noite, o procurador-geral da República (PGR) brasileiro, pediu ao
Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de um inquérito para apurar as
acusações feitas por Sergio Moro, contra Jair Bolsonaro.
O
pedido entregue ao STF aponta a eventual ocorrência dos crimes de “falsidade
ideológica, coação no curso do processo, advocacia administrativa,
prevaricação, obstrução de Justiça, corrupção passiva privilegiada, denúncia
caluniosa e crime contra a honra”.
No
documento, Augusto Aras afirma que, caso as declarações de Moro não se
comprovem, poderá caracterizar-se o crime de denúncia caluniosa.
No
pedido, o PGR sugere ao STF que, antes de deliberar sobre a abertura do
inquérito, recolha o depoimento de Moro, para que ele preste formalmente
esclarecimentos sobre os possíveis crimes envolvidos na conduta do chefe de
Estado, e possa apresentar provas dessas interferências.
Em
causa estão as declarações feitas na manhã de sexta-feira por Sergio Moro, que
acusou o Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, de estar a fazer “interferência
política na Polícia Federal”, na sequência da demissão do ex-chefe da Polícia
Federal do país Maurício Leite Valeixo, publicada em Diário Oficial da União.
Moro,
que junto com as acusações apresentou a sua demissão, afirmou que Bolsonaro
exonerou a liderança da Polícia Federal porque pretende ter acesso às
investigações judiciais, algumas das quais envolvem os seus filhos ou aliados.
“O
Presidente disse-me, mais de uma vez, expressamente, que ele queria ter uma
pessoa do contacto pessoal dele [para quem] ele pudesse ligar, [de quem] ele
pudesse colher informações, [com quem] ele pudesse colher relatórios de
inteligência. Seja o director [da Polícia Federal], seja um superintendente”,
declarou Sergio Moro.
O
ex-juiz declarou que o Presidente brasileiro lhe disse pessoalmente que queria
mudar o chefe geral da Polícia Federal porque estava preocupado com
investigações em curso no STF, que podem envolver os seus filhos ou aliados
políticos, e queria ter acesso a relatórios sigilosos sobre investigações.
Bolsonaro,
por sua vez, negou a acusação de interferência feita por Moro, disse que o
delegado Valeixo foi exonerado porque pediu para deixar o cargo e frisou que é
atribuição do Presidente do Brasil escolher quem deve ser o chefe da Polícia
Federal. ANG/Inforpress/Lusa
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