Costa do Marfim/Ex-primeiro-ministro
condenado a 20 anos de prisão
Bissau, 29 abr 20 (ANG) - O antigo primeiro-ministro e ex-presidente do
parlamento da Cote Ivoire, Guillaume Soro, foi hoje condenado, por um
tribunal de Abidjan, a 20 anos de prisão por desvio de fundos públicos e
branqueamento de capitais.
Guillaume Soro, que se declarou candidato
às eleições presidências de Outubro e vive exilado em Paris, foi também privado
dos seus direitos políticos durante cinco anos e terá de pagar uma multa de 4,5
mil milhões de francos CFA (cerca de 6,8 milhões de euros).
Em causa, está segundo o tribunal, a
compra, com dinheiros públicos, da sua casa, em Abidjan, no valor de 1,5 mil
milhões de francos CFA (cerca de 2,3 milhões de euros), em 2007, quando era
primeiro-ministro do país.
O tribunal determinou igualmente o
arresto da casa.
Guillaume Soro e os seus advogados não
estiveram presentes na audiência, no tribunal correcional de Abidjan, que
decorreu hoje, apesar de Tribunal Africano dos Direitos Humanos e dos Povos
(ACHPR, na sigla em inglês) ter decretado a suspensão do mandado de detenção de
que o ex-líder rebelde era alvo desde dezembro.
O ACHPR, com sede na Tanzânia, ordenou,
na quarta-feira, à Costa do Marfim que suspendesse o mandado de detenção contra
Guillaume Soro e libertasse os seus 19 apoiantes e familiares detidos há quatro
meses.
O tribunal deu ao Estado da Costa do
Marfim 30 dias para executar a sentença, adiantando que a decisão não é
passível de recurso.
O advogado do Estado costa-marfinense,
Abdoulaye Ben Méité, defendeu, na sexta-feira, que a data para o julgamento
tinha sido fixada muito antes da decisão do ACHPR, considerando que esta não
determinava o levantamento da acusação, mas apenas a suspensão do mandado de
detenção emitido contra Soro.
Na sessão de hoje, foi emitido um novo
mandado de detenção contra Guillaume Soro, o que impedirá o líder do partido
Gerações e Povos Solidários (GPS) de se candidatar às eleições presidenciais
marcadas para outubro.
O coletivo de advogados de Guillaume
Soro considerou, no início da semana, que o calendário da audição não deixa
dúvidas de que se trata "de uma tentativa de execução política em forma de
farsa judicial".
"O único objetivo desta audiência
precipitada é tornar Guillaume Soro inelegível para se candidatar às eleições,
numa sentença a proferir em segredo, à porta fechada, em violação de todas as
regras de direito e de procedimento e a pretexto de acusações fantasiosas,
caluniosas e altamente contestadas", defenderam os advogados de Soro.
Antigo aliado do Presidente da Costa do
Marfim, Alassane Ouattara, que ajudou a chegar ao poder durante a crise
pós-eleitoral de 2010-2011, Guillaume Soro tornou-se primeiro-ministro e
presidente da Assembleia Nacional, antes de ter entrado em conflito com o chefe
de Estado no início de 2019.
Na origem do afastamento entre os dois,
estiveram, segundo analistas, as ambições presidenciais de Guillaume Soro.ANG/Angop.
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