Covid-19/ LGDH regista mais de 100 queixas contra forças de segurança
Bissau,14 Abr 20(ANG) - A Liga Guineense dos
Direitos Humanos registou mais de 100 queixas contra atuação das forças de
segurança no âmbito das medidas de prevenção contra o novo coronavírus.
"Desde
que foi decretado o estado de emergência na Guiné-Bissau, a 27 de março, até à
presente data, a Liga Guineense dos Direitos Humanos registou mais de 100 casos
de denúncias de espancamentos, cobranças ilícitas e violações graves dos
direitos humanos perpetrados pelas forças de segurança, sem que tenham sido
responsabilizadas", refere, em comunicado a que a Lusa teve segunda-feira
acesso, a organização guineense.
No
comunicado, divulgado na Facebook, a
Liga Guineense dos Direitos Humanos condena aqueles atos e exige ao Ministério
do Interior a "abertura de inquéritos céleres e transparentes, tendentes à
responsabilização disciplinar e criminal de todos os seus agentes, que se têm
aproveitado do estado de emergência para lançar medo e terror junto da
população".
O caso
mais recente, segundo a organização guineense, ocorreu em São Domingos, no
norte do país, quando as forças de segurança obrigaram uma família, que estava
debaixo de uma árvore, na sua propriedade, a abandonarem o local.
O ato que
provocou discussões entre os membros da família e a polícia a disparar uma arma
de fogo, culminou com violência física , havendo o
registo de dois feridos.
A Liga
Guineense dos Direitos Humanos refere que as vítimas foram obrigadas a pagar
uma multa correspondente a 15 euros,
"para além de terem sido ameaçadas com um novo espancamento se
denunciassem o ocorrido".
"A
esquadra da polícia de São Domingos, na pessoa do seu comissário, tem sido
referenciado em atos de cobranças ilegais e intimidações sistemáticas dos
cidadãos", acrescenta a organização.
No
âmbito do combate ao novo coronavírus, as autoridades guineenses declararam o
estado de emergência, que foi renovado sábado até 26 de abril, bem como o
encerramento das fronteiras aéreas, terrestres e marítimas na Guiné-Bissau,
medidas que foram acompanhadas de uma série de outras restrições à semelhança
do que está a acontecer em vários países do mundo.
Uma das
restrições só permite que as pessoas circulem entre 07:00 e as 11:00 locais.
Dados
divulgados sábado pelas autoridades sanitárias guineenses, apontam que na
Guiné-Bissau o número de pessoas infetadas com o novo coronavírus é de 39.
O novo
coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já provocou mais de 112 mil
mortos e infetou mais de 1,8 milhões de pessoas em 193 países e territórios.
Dos
casos de infeção, quase 375 mil são considerados curados.
Depois
de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que
levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
O
continente europeu, com mais de 932 mil infetados e 77 mil mortos, é o que
regista o maior número de casos, e a Itália é o segundo país do mundo com mais
vítimas mortais, contando 19.899 óbitos e mais de 156 mil casos confirmados.
No
continente africano, o número de mortes provocadas pela covid-19 subiu hoje
para 788 e há mais de 14 mil casos registados em 52 país.ANG/Lusa
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