Africa do Sul/Vírus expõe desigaildades”,diz Ramaphosa
Bissau, 28 abr 20 (ANG) - O
presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, afirmou segunda-feira que a pandemia
de covid-19, provocada pelo novo coronavírus, está a realçar as desigualdades
no país, 26 anos depois do fim do regime do 'apartheid'.
Num discurso ao país, no dia em
que se assinala o Dia da Liberdade com um feriado nacional que relembra as
primeiras eleições democráticas no país, em 1994, Ramaphosa alertou que as
disparidades duradouras entre ricos e pobres na África do Sul estão a ser
sublinhadas pela luta contra a covid-19.
"Algumas pessoas têm
conseguido suportar o confinamento devido ao coronavírus em casas confortáveis,
com frigoríficos completamente abastecidos, cuidados médicos privados e ensino
'online' para os seus filhos", afirmou o chefe de Estado sul-africano num
discurso transmitido na televisão, acrescentando que "para milhões de
outros, este tem sido um mês de miséria".
As desigualdades no país da
África Austral foram também sublinhadas pelo Nobel da Paz e antigo arcebispo
Desmond Tutu.
A África do Sul "não é o
país justo e equitativo que deveria ser", afirmou Tutu, numa declaração
emitida pela sua fundação.
"O vírus fez ao país um
terrível favor ao expor os alicerces insustentáveis sobre os quais foi
construído e que devem ser corrigidos urgentemente", defendeu o antigo
arcebispo.
A África do Sul comporta o
maior número de infecções pelo novo coronavírus no continente, com pelo menos
4.546 casos e 87 mortes registadas.
Durante o dia de hoje, os
profissionais de saúde iniciaram o rastreio e a despistagem da doença em várias
zonas de Joanesburgo, especialmente em zonas pobres com elevada densidade
populacional.
As autoridades preveem também a
realização de testes na província de Cabo Ocidental, que inclui a Cidade do
Cabo e que concentra o maior número de casos de covid-19.
Após vários anos de combate a
doenças como a tuberculose e o HIV, a África do Sul apresenta experiência no
despiste e no combate de doenças infecciosas, tendo já realizado perto de
170.000 testes desde o início da pandemia de covid-19.
Actualmente, a África do Sul
tem 28 mil trabalhadores do sector da saúde encarregues de localizarem
contactos de pessoas infectadas, de modo a conter a propagação da doença.
Mais de 200 médicos oriundos de
Cuba chegaram hoje ao país para apoiar o combate à pandemia.
Segundo os dados mais recentes,
África contabiliza 31.933 casos da doença em 52 países africanos, tendo 1.423
dos infectados morrido. Já o número total de doentes recuperados cifra-se em
9.566.
A nível global, segundo um
balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de
206 mil mortos e infectou quase três milhões de pessoas em 193 países e
territórios.
Perto de 810 mil doentes foram
considerados curados.
A doença é transmitida por um
novo coronavírus detectado no final de Dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro
da China.
Para combater a pandemia, os
governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da
população do planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram
drasticamente o tráfego aéreo, paralisando sectores inteiros da economia
mundial.ANG/Angop
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