Bissau,03
Abr. 20(ANG) - A directora regional para
África da Organização Mundial de Saúde (OMS), Matshidiso Moeti, disse
quinta-feira desconhecer o número exacto de ventiladores existentes nos países
africanos, adiantando que a única certeza é que há uma “enorme lacuna”.
“Estamos a
tentar recolher essa informação com os colegas que estão nos países. O que
sabemos, sem dúvida, é que existe uma enorme lacuna no número de ventiladores
em cada país”, disse.
Matshidiso Moeti, que falava aos jornalistas por
videoconferência a partir de Brazzaville, na República do Congo, lembrou que a
necessidade destes dispositivos médicos ocorre num contexto global de escassez
e que o fecho de fronteiras e a suspensão de voos “dificultará em muito o
transporte de ventiladores” para os países no caso de se conseguirem arranjar.
Também presente na conferência, o director para África
do departamento de Emergências Regionais da OMS, Zabulon Yoti, estimou que
apenas uma pequena percentagem de pessoas infetadas necessitará de ventiladores
e que cerca de 15% deverão precisar de cuidados intensivos.
Ainda assim, o número de ventiladores em África é
reconhecidamente insuficiente, com países como a República Centro-Africana a
declararem ter apenas três para todo o seu território.
Matshidiso Moeti indicou ainda que a disponibilidades
de testes para detectar o novo coronavírus representa um “verdadeiro desafio”,
apesar de doações que têm estado a chegar da China.
“Estamos a trabalhar com os parceiros e com a sede
para ir buscá-los onde quer que seja”, afirmou.
Os responsáveis da OMS apelaram, por isso, para a
solidariedade entre países e continentes, numa altura em que mesmo os Estados
mais ricos se deparam com falta de equipamentos médicos e de protecção, como
máscaras ou ventiladores.
Com cada vez mais países a impor medidas de isolamento
social, quarentena ou recolher obrigatório, a responsável da OMS mostrou-se
preocupada com os milhões de pessoas que precisam de sair diariamente de casa
para conseguir dinheiro para comer.
“É um grande desafio”, disse Matshidiso Moeti,
sublinhando que a aplicação em África de medidas adoptadas na Europa e nos
Estados Unidos da América, por exemplo, deve ser “cuidadosamente ponderada”
para não impor “sofrimento desnecessário às populações”.
“Os países estão a fazer o que podem para conseguir o
distanciamento social, sobretudo em sítios onde a pandemia ainda está no
início, mas o distanciamento físico nos agregados (africanos) não é fácil”,
salientou.
Numa altura em que o continente regista mais de 6 mil
infecções de covid-19 e contabiliza 221 mortes, os especialistas em saúde
procuram perceber se a juventude da população africana – 70% tem menos de 30
anos – representa uma vantagem na prevenção da doença ou se os problemas
generalizados de subnutrição, HIV, tuberculose e malária afetarão a capacidade
dos doentes lutarem contra a infeção.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da
covid-19, já infectou mais de 940 mil pessoas em todo o mundo, das quais
morreram mais de 47 mil.
Dos casos de infecção, cerca de 180 mil são
considerados curados.
Depois de surgir na China, em Dezembro, o surto
espalhou-se por todo o mundo, o que levou a OMS a declarar uma situação de
pandemia.ANG/Angop
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