Política/Movimento Kumba Ialá
exige reposição do Governo saído das eleições
Bissau,22 Abr.20(ANG) - O Movimento de
Salvação do Partido da Renovação Social (PRS) e da memória do falecido presidente da Guiné-Bissau Kumba Ialá
defendeu terça-feira a reposição do Governo saído das eleições e sanções contra
os "políticos golpistas" no país.
Em
declarações à Lusa, o porta-voz do movimento, Alqueia Tamba, disse estar a falar, mandatado por Sori Djaló,
líder do Movimento que se assume como defensor dos ideais de Kumba Ialá,
fundador do PRS, atualmente terceira força política no parlamento guineense.
O
Movimento, criado em fevereiro de 2019, tem-se posicionado contra a atual
direção do PRS, liderada por Alberto Nambeia, a quem acusa de se "desviar
dos princípios de Kumba Ialá e atualmente ser um golpista", segundo
Alqueia Tamba.
"A
nossa indignação prende-se com o facto de um Governo saído de eleições ter sido
derrubado por alguém que nem é Presidente da República", disse Tamba,
referindo-se a Umaro Sissoco Embalo, que se autoproclamou Presidente da
Guiné-Bissau, no meio de um contencioso judicial à volta das eleições
presidenciais.
O
porta-voz do Movimento de Salvação do PRS afirmou que aconselharam Alberto
Nambeia "a não envolver o PRS no caminho perigoso do golpe", mas que
aquele "não quis dar ouvidos".
"Para
nós o cumulo disto tudo é ver o PRS a integrar um Governo resultante de um
golpe de Estado. Não podemos compactuar com isso, porque nós somos pela
democracia", declarou Alqueia Tamba, exigindo a reposição do Governo saído
das eleições legislativas de março de 2019.
Na
próxima semana, o Movimento liderado por Sorri Djaló, antigo líder do
parlamento guineense e ex-presidnete do PRS, promete entregar aos
representantes da comunidade internacional em Bissau, um documento no qual vão
apresentar uma lista de políticos do país "que devem ser sancionados, por
serem perturbadores".
Segundo
Alqueia Tamba, a lista será encabeçada por Alberto Nambeia e o Presidente
cessante guineense, José Mário Vaz, a quem acusa de ter abandonado as suas
funções e o Palácio da República, disse.
O
porta-voz do Movimento de Salvação do PRS acusa o Governo, entretanto,
instituído e liderado pelo primeiro-ministro Nuno Nabian, de "não estar a
fazer nada de concreto" perante a pandemia gerada pelo novo coronavirus.
A
Guiné-Bissau registou até hoje 50 contaminações pela covid-19, três das quais
já foram dadas como curadas.
"Em
vez de lidarem com o problema, estão a espancar pessoas nas ruas, quando a fome
aumenta e todos os dias há casos de infeção a aumentar", observou Alqueia
Tamba, para quem a comunidade internacional não está a colaborar com as
autoridades instaladas "por não serem legítimas", frisou.
Alqueia
Tamba avisou que a partir da próxima semana, o seu movimento pondera colocar
pessoas nas ruas de Bissau "para que manifestem a sua indignação contra o
golpe", disse.
A
Guiné-Bissau vive mais um período de crise política, depois de o general Umaro
Sissoco Embaló, dado como vencedor das eleições pela Comissão Nacional de
Eleições, se ter autoproclamado Presidente do país, enquanto decorre no Supremo
Tribunal de Justiça um recurso de contencioso eleitoral apresentado pela
candidatura de Domingos Simões Pereira.
Umaro
Sissoco Embaló tomou posse numa cerimónia dirigida pelo vice-presidente do
parlamento do país Nuno Nabian, que acabou por deixar aquelas funções, para
assumir a liderança do Governo nomeado pelo autoproclamado Presidente.
O
Governo demitido por Umaro Sissoco Embaló, o do primeiro-ministro Aristides
Gomes, mantém o apoio da maioria no parlamento da Guiné-Bissau.
O
Governo liderado por Nuno Nabian ocupou os ministérios com o apoio de
militares, mas Sissoco Embaló recusa que esteja em curso um golpe de Estado no
país e diz que aguarda a decisão do Supremo sobre o contencioso eleitoral.
Na
sequência da tomada de posse de Umaro Sissoco Embaló e do seu Governo, os
principais parceiros internacionais da Guiné-Bissau apelaram a uma resolução da
crise com base na lei e na Constituição do país, sublinhando a importância de
ser conhecida uma decisão do Supremo Tribunal de Justiça sobre o recurso de
contencioso eleitoral.
O
Supremo Tribunal de Justiça remeteu uma posição sobre o contencioso eleitoral
para quando forem ultrapassadas as circunstâncias que determinaram o estado de
emergência no país.ANG/Lusa
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