Covid-19/”A Guiné-Bissau precisa testar 300 pessoas por dia para
avaliar pandemia”, diz alta-comissária
Bissau,
22 jun 20 (ANG) - A alta-comissária contra a pandemia da covid-19 na
Guiné-Bissau, Magda Robalo Silva, quer testar, pelo menos, 328 pessoas
diariamente, para desta forma determinar o estado da evolução da doença no
país.
Em
entrevista à Lusa, a ex-ministra da Saúde, nomeada pelo Presidente Umaro
Sissoco Embaló, disse que neste momento "o país não tem uma ideia
clara" sobre qual o estado da curva da doença, nomeadamente por estar a
testar "poucas pessoas".
Segundo
Magda Nely Robalo o máximo de testagens feito por dia foi de 120 pessoas, o
que, disse, é "muito pouco".
Desde
que foram anunciados os primeiros dois casos de infeção no país, no dia 25 de
março, foram testadas cerca de quatro mil pessoas.
"Quero
poder testar um número cada vez maior de guineenses sobretudo os de perfil de
risco", defendeu Robalo, ao referir-se às pessoas portadoras do HIV,
tensão arterial alta, diabetes e outras doenças.
A
alta-comissária quer aumentar "para, pelo menos, 328" o número de
pessoas a serem testadas diariamente, o que seria a capacidade máxima instalada
neste momento, mas com intenção de aumentar logo que haja condições.
Magda
Robalo Silva pretende testar mais pessoas no interior do país, onde, disse,
neste momento são colhidas as amostras de casos suspeitos e transportadas para
Bissau, o que acarreta vários riscos.
A
alta-comissária guineense visa com estas estratégias melhorar a gestão clínica
da luta contra a covid-19 em todo o território e desta forma reduzir o número
de mortes.
Com os
testes, Magda Robalo vai saber quem não está contaminado "para que assim
continue" e as pessoas infetadas para que prestem mais atenção aos
sintomas "e cheguem rapidamente ao hospital".
A
responsável defendeu que é preciso evitar situações em que os infetados
"quase em estado terminal morram nas primeiras 24 horas após darem entrada
nos hospitais".
Atualmente,
a Guiné-Bissau dispõe de 22 mil testes, mas já encomendou "muito
mais" e também tem estado a receber ofertas de parceiros de
desenvolvimento do país, sublinhou Magda Robalo.
A
responsável não entende que o aumento de testes de pessoas colida com o
afrouxar das medidas decretadas pelas autoridades políticas, que admitiram a
circulação de transportes públicos e vendas ambulantes, por exemplo.
Magda
Robalo vai, contudo, avaliar a cada 15 dias a eficácia ou não das medidas no
âmbito do estado de emergência e propor uma geolocalização de nichos de infeção
para determinar as localidades que devem ser isoladas "para não asfixiar a
economia".
Pelas
informações de que dispõe, Magda Robalo Silva afirma que as medidas do estado
de emergência não têm sido respeitadas de forma rigorosa, nomeadamente no que
diz respeito ao uso das máscaras, distanciamento de pessoas e lavagem das mãos
com água e sabão.
A
alta-comissária já tem uma nova abordagem para sensibilização e
consciencialização da população sobre o que é a doença, na qual pretende contar
com "todos os guineenses", nomeadamente líderes tradicionais e
organizações da sociedade civil.
A
médica disse que mais de que pedir dinheiro aos parceiros da comunidade
internacional, vai apostar em sinergias com instituições e entidades com
capacidades para ajudarem na implantação da estratégia da equipa que lidera.
A
Organização Mundial da Saúde disponibilizou ao país uma equipa de cinco peritos
internacionais, composta por três portugueses e um médico guineense a trabalhar
em Portugal e um especialista do Gana, o que é visto pela responsável como
"uma mais-valia" para a sua estratégia.
Magda
Robalo Silva quer ver os peritos internacionais a ajudarem os técnicos
guineenses na gestão de pacientes graves, nomeadamente na utilização de
ventiladores e se for por pessoas que falem o português ainda melhor, observou.
A
covid-19 já provocou 17 mortos na Guiné-Bissau, em 1.541 casos.ANG/Lusa
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