Bissau, 23 jun 20 (ANG)
- As Nações Unidas apelaram ao Egipto, Etiópia e Sudão para que "trabalhem
em conjunto" na resolução do diferendo sobre a construção da barragem do
Nilo, na Etiópia, que deverá ser analisado pelo Conselho de Segurança.
"Instamos o Egipto,
a Etiópia e o Sudão a trabalharem em conjunto para intensificar os esforços no
sentido de resolver pacificamente os conflitos em curso", afirmou o
porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric, no 'briefing' diário.
O porta-voz recordou
"a importância da declaração de princípios de 2015 sobre a barragem"
que sublinha a necessidade de uma cooperação baseada na boa-fé, no Direito
internacional e no objectivo do benefício mútuo.
A pedido do Egipto, o
Conselho de Segurança da ONU tinha marcado para segunda-feira à tarde (hora de Nova
Iorque) uma reunião informal por videoconferência sobre o conflito entre os
três países.
Segundo uma fonte
diplomática, não se espera qualquer decisão nesta sessão.
No domingo, o Sudão
tinha advertido para a escalada do conflito após o fracasso das negociações
sobre um acordo para o enchimento do reservatório e a entrada em funcionamento
da Grande Barragem do Renascimento, localizada na Etiópia.
A Etiópia quer começar a
encher o reservatório já em julho, com ou sem o acordo dos outros dois países.
O Egipto, que considera
este projeto uma ameaça "existencial", tinha apelado à intervenção do
Conselho de Segurança das Nações Unidas, citando a atitude "negativa"
da Etiópia e a sua "insistência em querer encher a barragem
unilateralmente".
O assunto, a pedido do
Egipto, será também discutido na terça-feira numa videoconferência dos
ministros dos Negócios Estrangeiros da Liga Árabe.
Enquanto a Etiópia
considera que a barragem de 145 metros de altura é essencial para o seu
desenvolvimento e electrificação, o Sudão e o Egipto receiam ver limitado o seu
acesso à água.
O Egipto argumenta que
um enchimento demasiado rápido pode reduzir a quantidade de água que chega ao
país e da qual depende quase inteiramente.
O Sudão poderá, no
entanto, recolher alguns benefícios, como o fornecimento de electricidade e a
regulação das cheias do rio.
A Grande Barragem do
Renascimento, que a Etiópia está a construir no Nilo Azul - que se junta ao
Nilo Branco no Sudão para formar o Nilo, que abastece o Egipto, - deverá
tornar-se na maior central hidroeléctrica em África e tem sido uma fonte de
tensão entre Adis Abeba e o Cairo desde 2011.
Após nove anos de
impasse nas negociações, os Estados Unidos e o Banco Mundial têm vindo a
promover, desde Novembro de 2019, discussões destinadas a chegar a um acordo
entre os três países.
O Nilo, que percorre
cerca de 6.000 quilómetros, é uma fonte vital de abastecimento de água e
electricidade para pelo menos 10 países da África Oriental.
A barragem, orçamentada
em 4,6 mil milhões de dólares, tem como objectivo garantir electricidade a mais
de 70 milhões de etíopes.ANG/Angop
Sem comentários:
Enviar um comentário