sexta-feira, 19 de junho de 2020

 

Covid-19/Representantes da CPLP debateram pandemia e resposta a emergência

Bissau, 19 jun 20 (ANG) - Os representantes dos Estados-membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) debateram hoje os efeitos da pandemia e a possibilidade de a organização criar um mecanismo de resposta a situações de emergência, disse o embaixador de Cabo Verde.

"Tivemos os pontos habituais de agenda, mas um ponto muito especial, que teve a ver, não só com a partilha de informações sobre o rescaldo da pandemia nos nossos países, mas também sobre o ponto da situação em matéria de cooperação que tem havido nesta área", afirmou Eurico Monteiro.

O diplomata de Cabo Verde, país que tem a presidência rotativa da CPLP, falava após a reunião do comité de concertação social (CCP) da organização, um encontro que reúne os embaixadores de todos os Estados-membros.

Esta foi a primeira reunião após o início da pandemia de covid-19, daí a doença ter sido um dos pontos principais da agenda do CCP, que não se ficou pela troca de informações sobre o assunto.

"Também procuramos ver se, aproveitando toda a experiência acumulada, designadamente o que aconteceu em Moçambique com o ciclone Idai, com um efeito desastroso do ponto de vista económico e social, e esta pandemia, poderíamos pensar em esquemas e mecanismos de cooperação mais específicos para situações de emergência dos estados", adiantou Eurico Monteiro à Lusa.

Uma cooperação que, não passe só pela partilha de informações técnicas, "mas também por alguma concertação política, eventualmente até pela constituição de um instrumento de apoio material ou financeiro e logístico, em situações de emergência, sejam por desastres naturais ou pandemias, ou outras que possam surgir", reforçou o diplomata.

Ainda segundo o representante da presidência cabo-verdiana da CPLP esta foi uma matéria abordada no CCP "com algum detalhe", e da reunião saiu "a recomendação" de que a reflexão seja continuada e os estudos feitos para que se encontre, "a curto prazo, uma proposta de solução que deva ser submetida aos órgãos competentes da CPLP e, eventualmente, até submeter ao conselho de ministros para aprovação".

"Estamos à procura disto e de ver até que ponto podemos materializar, a curto prazo, uma solução desta natureza", concluiu.

Quanto à situação política na Guiné-Bissau, que o secretário executivo da CPLP tinha dito, a 08 de Junho, que "é preocupante" e seria analisada nesta reunião do CCP não foi sequer assunto da agenda, garantiu o embaixador cabo-verdiano.

"A situação na Guiné-Bissau é preocupante. Nós vamos ter proximamente uma reunião aqui em Lisboa, ao nível dos embaixadores, onde certamente essa matéria será abordada", afirmou o embaixador Francisco Ribeiro Telles, após ter recebido as credenciais da embaixadora Isabel Amaral Guterres, enquanto representante permanente de Timor-Leste junto da CPLP, em Portugal.

A CPLP tem estado em Bissau "de uma forma bastante ativa" a acompanhar a evolução da situação no país, acrescentou.

A Guiné-Bissau tem vivido desde o início do ano mais um período de crise política, depois de Sissoco Embaló ter sido dado como vencedor das eleições e sido reconhecido pelos parceiros internacionais como Presidente, apesar de existirem queixas de irregularidades pela candidatura de Domingos Simões Pereira no Supremo Tribunal de Justiça.

Após se ter autoproclamado Presidente, Sissoco Embaló demitiu o Governo do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), liderado por Aristides Gomes, e nomeou para o cargo Nuno Nabian, líder da Assembleia do Povo Unido-Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB).

No âmbito da mediação da crise política na Guiné-Bissau, a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) emitiu, em Abril, um comunicado no qual reconheceu Umaro Sissoco Embaló como Presidente e instou as autoridades a nomear um novo Governo, que respeite os resultados das legislativas de 2019, num prazo que terminou a 22 de Maio.

Além de Timor-Leste e da Guiné-Bissau são Estados-membros da CPLP, Portugal, Angola, Moçambique, Brasil, Guiné Equatorial, São Tomé e Príncipe e Cabo Verde.ANG/Angop

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