Brexit/Acordo de Saída deve ser
concretizado e não renegociado – Bruxelas
Bissau, 29 Set 20 (ANG)
– A Comissão Europeia vincou hoje que o Acordo de Saída do Reino Unido da União
Europeia (UE) deve ser concretizado tal como aprovado e não renegociado,
insistindo na necessidade de os dois blocos chegarem rapidamente a
compromissos.
“O Acordo de Saída deve ser implementado, não deve ser renegociado e muito menos alterado unilateralmente, ignorado ou desaprovado”, declarou o vice-presidente da Comissão Europeia responsável pelas Relações Interinstitucionais, Maroš Šefčovič.
Falando à imprensa em
Bruxelas após a terceira reunião do comité misto UE-Reino Unido, o responsável
reiterou “o pedido da UE [para o Reino unido] retirar as partes litigiosas
proposta de lei do Mercado Interno até ao final de Setembro”.
“Lembramos que a
proposta de lei, se adoptada na sua forma atual, constitui uma violação
extremamente grave do Protocolo sobre a Irlanda/Irlanda do Norte, como parte
essencial do Acordo de Saída, e do direito internacional”, disse Maroš
Šefčovič.
E, de acordo com Maroš
Šefčovič, “a janela de oportunidade para pôr em prática as medidas operacionais
necessárias para o funcionamento [deste protocolo] está a fechar-se”, razão
pela qual salientou “a necessidade urgente de o Reino Unido acelerar o seu
trabalho”.
Observando que “muitas
questões difíceis permanecem e as posições do Reino Unido estão muito distantes
do que a UE pode aceitar”, o vice-presidente do executivo comunitário adiantou,
porém, que Bruxelas está “disposta a trabalhar arduamente” com Londres “durante
os próximos dias e semanas”.
“A UE está totalmente
empenhada em conseguir uma implementação plena, atempada e eficaz do Acordo de
Saída dentro do tempo restante disponível”, concluiu.
Londres irritou a UE no
início de setembro ao avançar com uma proposta de lei que revê o Acordo de
Saída ratificado em janeiro com os 27 para regulamentar a saída do Reino Unido
da União Europeia.
A proposta foi aprovada
na generalidade e na especialidade, embora o Governo britânico tenha cedido à
pressão de um grupo de deputados conservadores preocupados com o risco de o
texto violar direito internacional, aceitando apoiar uma alteração para dar ao
parlamento a última palavra na decisão.
O texto deve terminar o
processo na Câmara dos Comuns (câmara alta do parlamento) esta terça-feira e
avançar para a Câmara dos Lordes (câmara alta), embora a imprensa britânica
tenha noticiado que o Governo pretende atrasar esta fase para depois do
Conselho Europeu de meados de Outubro, para não comprometer as negociações em
curso.
Na proposta de lei do
Mercado Interno do Reino Unido, destinada a substituir as normas europeias por
regras para o comércio entre as diferentes regiões do Reino Unido (Inglaterra,
Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte) após a saída da UE, o Governo invoca
poderes para ignorar disposições que estão no Acordo.
Em causa estão questões
como o preenchimento de declarações de exportação ou controlos aduaneiros entre
a província britânica da Irlanda do Norte e a Grã-Bretanha, a ilha onde se
encontram a Inglaterra, Escócia e País de Gales.
O primeiro-ministro
britânico, Boris Johnson, argumentou que esta legislação é uma “rede de
segurança” para proteger a integridade do país de “interpretações extremistas
ou irracionais do Protocolo, que podem resultar numa fronteira no Mar da
Irlanda”.
Esta semana decorre
também a nona ronda de negociações entre Londres e Bruxelas para um acordo de
comércio pós-Brexit, sendo crucial para concluir um acordo de comércio antes do
Conselho Europeu de 15 de Outubro.
Meados de Outubro é
considerado o prazo para alcançar um entendimento, senão a ausência de um
acordo resultará em tarifas aduaneiras no comércio entre o Reino Unido e o
bloco europeu a partir de 01 de Janeiro de 2021. ANG/Inforpress/Lusa
Sem comentários:
Enviar um comentário