Especial 24 de Setembro/”A independência é um retrocesso para o país”, dizem combatentes de Morés
Bissau,21 Set 20(ANG) – Os
combatentes da liberdade da Pátria da secção de Morés, sector de Mansabá,
região de Oio no norte do país, foram unânimes em afirmar que a independência
da Guiné-Bissau proclamada em 1973, constitui um retrocesso no desenvolvimento
do país.
Em entrevista concedida aos repórteres da ANG, Jornal Nô Pintcha e RDN no âmbito das celebrações dos 47 anos da independência, que se assinala à 24
de Setembro, Mama Seide, antiga enfermeira durante a luta armada, disse que, cada vez que abre a boca para falar da luta, o seu coração bate de dor e amargura devido ao sofrimento consentidos e dos colegas e familiares mortos no combate.“Para nós, hoje em dia,
transmitir para a nova geração a história da luta armada de libertação
nacional, seria uma honra se todos os veteranos de guerra tivessem uma vida
condigna”, disse.
Mama Seide afirmou que os
populares de Morés não mereciam as
dificuldades com que estão a passar actualmente pelo sofrimento que consentiram
durante a luta armada.
A titulo de exemplo,
prosseguiu, disse que todas as crianças
que nasceram no período da luta podem ser consideradas de combatentes, porque
as vezes permanecem nas costas das mães, durante uma semana, sem tempo para
serem amamentadas, debaixo de bombardeamentos das tropas coloniais.
Mama aderiu a luta armada
com 15 anos, e frequentou o curso de enfermagem na antiga União Soviética a
mando de Amílcar Cabral, em 1966.
Para Mamadi Danfa, outro
veterano de luta de libertação nacional, os ideais de Amilcar Cabral foram defraudados pelos
sucessivos dirigentes do país, desde a independência até hoje.
Declarou que durante a luta armada, os combatentes não
tinham sapatos, calças e camisas e nem alimentação, mas que graças a Amílcar Cabral, a população
deu todos os apoios aos guerrilheiros até a proclamação da independência do
país.
Disse que, no período colonial, os colonialistas
portugueses submetiam aos populares de Morés ao trabalho forçado de
reabilitação das estradas, carregando com as suas próprias cabeças as pedras que
seriam utilizadas para o efeito.
Acrescentou que, no período
de mobilização das massas para a luta, Amílcar Cabral sempre lhes prometia que um
dia acabaria com os referidos trabalhos forçado, salientando que foi por isso que
decidiram abraçar a causa da luta de libertação nacional.
Aquele veterano de luta
revelou que Amílcar Cabral prometia que, depois da independência, Morés seria
reconstruído e seria baptizada de “Cidade da Independência”.
Disse que, com todos os
sacrifícios consentidos durante a luta armada, actualmente somente três pessoas
da vila de Morés recebem seus pensões de combatentes de liberdade da pátria.
Por sua vez, Talibó Seide
disse que hoje em dia, o grosso número de combatentes da liberdade da pátria
está arrependido por ter participado na luta armada de libertação nacional.
“Perdemos as nossas
famílias, amigos e companheiros de armas para depois da independência sermos esquecidos pelos sucessivos governos do
PAIGC. Para nós é uma tristeza e arrependimento”, lamentou.
Perguntado sobre se com a idade
que tem ainda dispõe de esperança num futuro melhor, respondeu que foi com base
nesse desiderato que votaram contra o PAIGC nas últimas eleições presidenciais,
não obstante ser o seu partido, para ver se algo mude em prol do bem estar dos
combatentes.ANG/ÂC//SG
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