segunda-feira, 21 de setembro de 2020

 Especial 24 de Setembro/”A independência é um retrocesso para o país”, dizem  combatentes de Morés

Bissau,21 Set 20(ANG) – Os combatentes da liberdade da Pátria da secção de Morés, sector de Mansabá, região de Oio no norte do país, foram unânimes em afirmar que a independência da Guiné-Bissau proclamada em 1973, constitui um retrocesso no desenvolvimento do país.

Em entrevista concedida aos repórteres da ANG, Jornal Nô Pintcha e RDN no âmbito das celebrações dos 47 anos da independência, que se assinala à 24

de Setembro, Mama Seide, antiga enfermeira durante a luta armada, disse que, cada vez que abre a boca para falar da luta, o seu coração bate de dor e amargura devido ao sofrimento consentidos e dos colegas e familiares mortos no combate.

“Para nós, hoje em dia, transmitir para a nova geração a história da luta armada de libertação nacional, seria uma honra se todos os veteranos de guerra tivessem uma vida condigna”, disse.

Mama Seide afirmou que os populares de Morés não mereciam  as dificuldades com que estão a passar actualmente pelo sofrimento que consentiram durante a luta armada.

A titulo de exemplo, prosseguiu, disse que  todas as crianças que nasceram no período da luta podem ser consideradas de combatentes, porque as vezes permanecem nas costas das mães, durante uma semana, sem tempo para serem amamentadas, debaixo de bombardeamentos das tropas coloniais.

Mama aderiu a luta armada com 15 anos, e frequentou o curso de enfermagem na antiga União Soviética a mando de Amílcar Cabral, em 1966.

Para Mamadi Danfa, outro veterano de luta de libertação nacional,  os ideais  de Amilcar Cabral foram defraudados pelos sucessivos dirigentes do país, desde a independência até hoje.

Declarou que  durante a luta armada, os combatentes não tinham sapatos, calças e camisas e nem alimentação,  mas que graças a Amílcar Cabral, a população deu todos os apoios aos guerrilheiros até a proclamação da independência do país.

Disse  que, no período colonial, os colonialistas portugueses submetiam aos populares de Morés ao trabalho forçado de reabilitação das estradas, carregando com as suas próprias cabeças as pedras que seriam utilizadas para o efeito.

Acrescentou que, no período de mobilização das massas para a luta, Amílcar Cabral sempre lhes prometia que um dia acabaria com os referidos trabalhos forçado, salientando que foi por isso que decidiram abraçar a causa da luta de libertação nacional.

Aquele veterano de luta revelou que Amílcar Cabral prometia que, depois da independência, Morés seria reconstruído e seria baptizada de “Cidade da Independência”.

Disse que, com todos os sacrifícios consentidos durante a luta armada, actualmente somente três pessoas da vila de Morés recebem seus pensões de combatentes de liberdade da pátria.

Por sua vez, Talibó Seide disse que hoje em dia, o grosso número de combatentes da liberdade da pátria está arrependido por ter participado na luta armada de libertação nacional.

“Perdemos as nossas famílias, amigos e companheiros de armas para depois da independência  sermos esquecidos pelos sucessivos governos do PAIGC. Para nós é uma tristeza e arrependimento”, lamentou.

Perguntado sobre se com a idade que tem ainda dispõe de esperança num futuro melhor, respondeu que foi com base nesse desiderato que votaram contra o PAIGC nas últimas eleições presidenciais, não obstante ser o seu partido, para ver se algo mude em prol do bem estar dos combatentes.ANG/ÂC//SG

 

 

 

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