Recuperação económica/ONU defende congelamento da dívida em África
Bissau,
17 Set 20 (ANG) - A Organização das Nações Unidas defende, num relatório
publicado hoje, o congelamento da dívida em todo o continente africano, que
precisa de cerca de 169 mil milhões de euros para ultrapassar as dificuldades
trazidas pela pandemia de covid-19.
As declarações encontram-se num relatório publicado hoje em Nova Iorque, intitulado "Resposta Abrangente das Nações Unidas à Covid-19: Salvando Vidas, Protegendo Sociedades
e Recuperando Melhor".O relatório sublinha
"a importância de um congelamento geral da dívida para os países
africanos, bem como um pacote de resposta global equivalente a pelo menos 10%
do Produto Interno Bruto mundial".
"Para a
África", continua a ONU, "isso significa mais de 200 mil milhões de
dólares (cerca de 169 mil milhões de euros), para uma resposta eficaz e bases
para a recuperação".
Segundo a organização,
"os riscos para o continente africano são consideráveis, com testes
baixos, saneamento precário e capacidades médicas limitadas e dificuldades na
aplicação de medidas de distanciamento físico e sanitário".
A ONU, que reúne 193
Estados-membros, prevê que a população do continente africano terá de
enfrentar, como consequências indirectas da pandemia, insegurança alimentar,
perda de rendimentos e meios de subsistência, uma crise da dívida e riscos
políticos e de segurança.
O relatório destaca que,
em Julho, os países africanos já tinham implementado um total de 245 medidas
sociais e económicas.
A ONU recorda o Fundo de
Acção covid-19 para África, lançado em 11 de Agosto com o objectivo de
arrecadar 100 milhões de dólares (84,5 milhões de euros) para a distribuição de
equipamentos de protecção pessoal em 24 países durante um ano.
A ONU contribuiu em
África, para o "aumento da capacidade hospitalar e de exames, fornecimento
de materiais médicos e esquemas de criação de empregos e planos inovadores para
incentivar o empreendedorismo feminino", pode ler-se no relatório.
Segundo o documento, a
organização continua a fazer esforços para "impulsionar a agricultura,
apoiar o ensino à distância e transferir dinheiro para as famílias, como uma
medida temporária para evitar que caiam na pobreza".
A inclusão de meninas e
mulheres "em todas as áreas" e o respeito pelos direitos humanos
continuam a ser base para uma sociedade mais justa, defende a ONU.
O relatório publicado
hoje destaca que o mundo ainda está na "fase aguda" da pandemia de
covid-19, uma "crise humana" que merece o "maior esforço de
saúde pública da história".
A ONU quer concentrar os
esforços numa resposta a três níveis: na saúde; na adopção de políticas para a
salvaguarda de meios de subsistência; e num processo de recuperação inclusivo e
"transformador".
Para tal, faz referência
ao Plano de Resposta Humanitária Global, do Escritório para Coordenação de
Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês), que inclui os 63 países
"mais vulneráveis", entre os quais se encontram Angola, Brasil,
Moçambique, Timor-Leste, República Centro-Africana e Venezuela.
Segundo a ONU, o Plano
de Resposta Humanitária Global requer 10,3 mil milhões de dólares (8,7 mil
milhões de euros) mas tinha angariado menos de 25% do valor até 03 de Setembro,
com cerca de 2,5 mil milhões de dólares (2,1 mil milhões de euros).
A organização incentiva
que todos os países reconheçam a saúde como "um bem público
universal" e que garantam a distribuição de vacinas para a covid-19 para
toda a população. Segundo a Organização Mundial da Saúde, existem 31 candidatas
a vacinas em processo de avaliação, das quais, nove vacinas em ensaios
clínicos.
A pandemia de covid-19
já provocou pelo menos 936.095 mortos e mais de 29,6 milhões de casos de
infecção em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência
francesa AFP.
Em África, há 33.047 mortos confirmados em mais de 1,3 milhões de infectados em 55 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia naquele continente. ANG/Angop
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