Covid-19/”Mais de 80% dos casos em África são assintomáticos”, diz
a OMS
Bissau, 25 Set 20 (ANG)– Mais de 80% dos casos de covid-19 em África são assintomáticos, segundo a análise preliminar da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a região, que está agora a estudar a presença de anticorpos nestas comunidades.
Os dados foram quinta-feira revelados pela directora regional da OMS para África, Matshidiso Moeti, durante o briefing online sobre a evolução da pandemia no continente, que juntou vários especialistas para analisarem se o pior da pandemia em África já acabou.
“A nossa análise prelim
inar sugere que mais de 80% dos casos nos países africanos são assintomáticos”, disse Matshidiso Moeti, acrescentando que a reforçar esta indicação está o facto de, na maioria das comunidades, as instalações de saúde não terem sido sobrecarregadas por casos graves da doença.Moeti classificou de
“muito elevada” esta percentagem de assintomáticos, ressalvando que resultam de
indicadores que precisam agora de ser confirmados.
Actualmente, “estão em
curso estudos para testar se as comunidades têm anticorpos para a covid-19”,
afirmou.
Se isso se confirmar,
“significa que as pessoas foram infectadas, mas não detectadas”. Moeti referiu
ainda que alguns resultados iniciais apontam para “um número mais elevado de
infecções do que as relatadas”.
Num encontro em que
esteve em debate a resposta do continente à pandemia, Matshidiso Moeti recordou
que, mesmo antes de os primeiros casos serem relatados em África, em Fevereiro,
a OMS já se encontrava a trabalhar com os vários Governos e parceiros para
“aumentar a preparação e capacidade de resposta à covid-19 e a outras doenças
infecciosas”.
“A partir de Março, os
governos implementaram rapidamente restrições à circulação, o que criou uma
janela de oportunidade para manter baixo o número de casos e reforçar a
capacidade de resposta da saúde pública”, prosseguiu.
Moeti deixou, contudo,
um aviso: “No futuro, os países devem continuar a reforçar os dados e a
informação, a implementação dos principais instrumentos de vigilância, testes,
isolamento e rastreio de contactos em matéria de saúde pública”.
Para Sam Agatre Okuonzi,
médico no Hospital de Arua, uma unidade de saúde de referência no Uganda, as
piores previsões que no início da pandemia causaram o pânico no país não se
confirmaram.
O clínico diz que é
várias vezes confrontado com perguntas sobre o que protege o continente nesta
pandemia, avançando que existem várias explicações, da temperatura à altitude,
passando pelos comportamentos das populações, a sua idade, entre muitas outras
hipóteses, nenhuma confirmada.
Neste encontro virtual
participaram igualmente Francisca Mutapi, professora de Saúde Global, Infecção
e Imunidade na Universidade de Edimburgo, e Mark Woolhouse, professor de
epidemiologia de doenças infecciosas no Instituto Usher na Faculdade de
Medicina e Medicina Veterinária da Universidade de Edimburgo.
O primeiro caso de
covid-19 em África surgiu no Egipto em 14 de Fevereiro e a Nigéria foi o
primeiro país da África subsariana a registar casos de infecção, em 28 de
Fevereiro.
Desde então, foram
infectadas 1.429.360 pessoas, das quais 34.836 morreram.
A pandemia de covid-19
já provocou pelo menos 971.677 mortos e mais de 31,6 milhões de casos de
infecção em todo o mundo. ANG/Inforpress/Lusa
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