Especial 24 de Setembro/Combatentes da Frente Leste preocupados com o “estado de abandono” em que se encontram
Bissau 22 Set 20 (ANG) – Os combatentes
da liberdade da pátria da frente leste, concretamente
do sector de Boé, região de Gabú, lamentaram esta terça-feira o que dizem ser “estado
de abandono” ao que foram submetidos pelos sucessivos governos, volvidos 47 anos da
proclamação da independência.
O veterano de luta, Malaqui Bary ,em entrevista colectiva aos repórteres da ANG, Jornal Nô Pintcha e RDN, por ocasião da celebração do Dia da Independência que
se assinala no próximo 24 de Setembro, disse que apesar desse abandono não estão arrependidos de terem se empenhado na juventude para libertar a Guiné-Bissau.“Depois de expulsarmos os
brancos da nossa terra, os sucessivos governantes deixaram a ideologia de Cabral
e passaram a pensar nas suas próprias vidas, deixando os interesses do país, o
que paralizou o processo de desenvolvimento”, lamentou.
Bary criticou o partido
libertador de ter desviado do seu objectivo que era de trabalhar no programa
maior para desenvolver a Guiné-Bissau.
Segundo Malaqui, mesmo com o
multipartidarismo, se o PAIGC tivesse seguido as orientações de Amilcar Cabral
os partidos que surgiram não teriam força que hoje austentam.
Falando da vida que levam
como libertadores da Nação guineense disse que “tudo está mal”.
“Durante a luta percorríamos, de pé, de
Fulamori até Gabú, carregando balas, debaixo da chuva e as nossas comidas eram
servidas em sacos de arroz ou em folhas de árvores. Se lembramos estes a mais
sacrifícios que passamos e o lugar onde estamos hoje, deixa muitas perguntas”,
disse.
Malaqui Bary aderiu a luta em 1966, em Madina
Boé.
Disse que, Cabral dizi
a, se ganharmos a guerra, temos que construir o país e e que isso seria o trabalho de todos não só das Forças Armadas que libertaram o país.Por seu lado, Caro Queta
igualmente antigo combatente da frente leste disse que assistiu a proclamação da
independência em Boé, e lembrou que os combatentes tiveram uma reunião antes,
onde foram informados que chegou o dia de serem livres de ocupação colonial português.
“Saímos do local da reunião e fomos até a fronteira
com a República de Guiné Conacri onde encontramos com os colegas que iam
proclamar o Estado livre da Guiné-Bissau”, recordou.
Segundo ele, outros decidiram
mesmo entrar no território da Guiné-Conacri ,mas foram avisados para não o
fazer porque a proclamação será no território da Guiné-Bissau, adiantando que a
situação que os populares de Boé atravessam hoje é de lamentar.
“Não estamos satisfeitos em
Boé, uma vez que havia projectos para realçar o sector torná-lo numa cidade com
infraestruturas modernas, mas hoje nem a estrada temos”, lamentou.
Afirmou que, hoje como um
país independente, esperava outro tipo
de comportamento por parte dos governantes em relação a Madina de Boé, enquanto
lugar
histórico e onde a independência foi proclamada.
“Mas mesmo nós que pegamos
nas armas para expulsar os tugas não fomos lembrados ou vistos. Contudo o meu
desejo é que haja paz no país porque se isso acontecer os nossos filhos poderão
ir à escola e terem uma vida melhor para que
nos possa fazer feliz e não
arrependermos de ter dado a nossa infância e juventude à causa da libertação do país”,vincou Queta.ANG/MSC/ÂC//SG
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