Covid-19/ Namíbia será primeiro país africano a utilizar cães na detecção da doença
Bissau,
24 Set 20 (ANG) - Uma universidade da Namíbia iniciou um projecto para tornar a
nação da África Austral a primeira do continente com cães treinados para
detectar a Covid-19, uma ideia que já está a ser testada em França e na
Colômbia.
A Universidade da
Namíbia, a principal do país, está a apoiar, através da sua Faculdade de
Medicina Veterinária, este projecto, que começou no início da pandemia e poderá
ter os seus primeiros cães totalmente treinados dentro de duas ou três semanas.
“Os cães não sentem o c
heiro do vírus, mas sentem o cheiro do que o corpo produz em resposta ao vírus. Chamamos-lhe orgânico volátil (compostos), diferentes doenças têm diferentes processos e diferentes respostas e os cães são extremamente sensíveis a elas”, explicou o veterinário Conrad Brain, em declarações pelo telefone à agência EFE.“Para a Covid-19,
ninguém no mundo sabe exactamente quais as moléculas específicas que estão a
cheirar (...) Talvez seja um composto de enxofre”, disse o especialista.
O veterinário, que faz
investigação no sector privado mas colabora com a Universidade da Namíbia, é o
investigador principal do programa, que também envolve peritos jurídicos,
enfermeiros, médicos, outros veterinários, estudantes de medicina e veterinária
e, claro, cães.
Os animais escolhidos
para este projecto são pastores e beagles alemães, duas raças particularmente
dotadas de olfacto.
A capacidade dos cães na
detecção de doenças é bem conhecida, por exemplo, na detecção de pessoas com
cancro e outras patologias e tudo aponta para que estes animais venham também a
ser úteis no combate à Covid-19.
“Os cães são, em muitos
casos, mais competentes do que os testes PCR”, disse Brain.
Segundo o especialista,
os cães são capazes de detectar pessoas sem sintomas e mesmo, por vezes,
pacientes que já têm o vírus, mas em quem o teste é inicialmente negativo, e
que depois se mostram positivos com um segundo teste, como verificado por
investigadores franceses.
Os investigadores
namibianos estão em contacto com especialistas de outros países, que trabalham
no mesmo campo na Europa e na América.
Esta colaboração tem
sido muito útil na determinação das melhores formas de obter amostras, o que
constitui um desafio tanto do ponto de vista médico como legal.
Os cães estão a ser
treinados na região de Windhoek, a capital namibiana, com a utilização de
amostras de suor das axilas de pessoas infectadas, com as quais aprendem a
identificar os odores provenientes de humanos contaminados.
O suor não transporta o
vírus, pelo que torna o treino menos perigoso, tanto para os animais como para
os especialistas.
“Outra vantagem é que os
cães não mentem, não há falsos negativos e as pessoas com quem temos estado a
falar nunca tiveram um caso em que os cães estivessem errados sobre alguém que
fosse negativo”, revelou o veterinário.
Um programa como este
poderia ser aplicado em zonas de trânsito intenso de pessoas, como aeroportos
ou estações ferroviárias, mas também em bairros vulneráveis e sobrelotados,
onde a doença é mais difícil de controlar.
É também uma solução
relativamente fácil e barata de aplicar em países com menor capacidade de
teste, como as nações africanas.
“Penso que é bastante
avançado por parte da Namíbia, porque o nosso Governo e o Ministério da Saúde
apoiaram plenamente o projecto”, considerou Conrad Brain.
Até à data, a Namíbia
registou 10.663 casos de Covid-19, dos quais 8.431 são pacientes recuperados e
117 terminaram em mortes, segundo dados de hoje do Centro de Controlo e
Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC).
Este país desértico da
África Austral, com uma população de cerca de 2,5 milhões de habitantes, está a
desenvolver grandes esforços para reanimar a sua economia, na qual o turismo
tem um peso importante.ANG/Angop
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