Afeganistão/Mais de 80 jornalistas detidos e torturados
Bissau,
16 Ago 22 (ANG) - Mais de 80 jornalistas foram presos e torturados no
Afeganistão no espaço de um ano, desde que os talibãs regressaram ao poder, por
relatarem protestos pacíficos, revela a Amnistia Internacional (AI) num
relatório publicado esta segunda-feira.
Segundo
a AI, só em Maio e Junho, o Comité para a Protecção dos Jornalistas registou 11
detenções no Afeganistão, refere a organização de defesa dos direitos humanos,
que denuncia "impunidade generalizada" para crimes como tortura e
assassinatos por vingança.
No
último ano, mais de 80 jornalistas foram presos e torturados por relatarem protestos
pacíficos e o Afeganistão ocupa agora o 156.º lugar entre 180 países no Índice
Mundial de Liberdade de Imprensa da organização Repórteres Sem Fronteiras
(RSF), uma deterioração significativa face ao seu 122.º lugar em 2021.
"O
que se seguiu ao fatídico dia de 15 de Agosto de 2021 (dia em que os talibãs
voltaram ao poder, após a retiradas das forças internacionais) é uma crise de
direitos humanos numa escala sem precedentes", aponta a AI num relatório
documentado com entrevistas e fotografias.
"Fui
espancado e chicoteado com tanta força nas pernas que não conseguia suportar
... A minha família assinou um documento prometendo que não falaria sobre o que
me aconteceu após a minha libertação. Se o fizesse, os talibãs teriam o direito
de prender toda a minha família", relatou um jornalista citado pela AI.
A
Amnistia, segundo o site notícias ao minuto, considera que os meios de
comunicação social do país e a liberdade de imprensa foram esmagados por uma
combinação das restrições impostas pelos talibãs mas também pela crise
financeira precipitada pela vitória do grupo.
Um
inquérito coordenado pela RSF concluiu que 43 por cento dos órgãos de
comunicação social tinham desaparecido três meses após a captura de Cabul pelos
talibãs.
Cerca
de 84% das mulheres jornalistas e 52% dos trabalhadores dos media do sexo
masculino perderam o emprego durante este período, mostra o inquérito.
Em
19 de Setembro de 2021, o Centro de Comunicação e Informação do Governo emitiu
um despacho contendo uma formulação vaga que proíbe os jornalistas de
publicarem histórias "contrárias ao Islão" ou "insultos às
figuras nacionais" e desde então foram impostas outras 11 regras
restritivas ao jornalismo.
No
relatório "O regime dos Talibãs: Um Ano de Violência, Impunidade e Falsas
Promessas", a AI apela aos talibãs para que parem imediatamente de cometer
violações e crimes graves em matéria de direitos humanos e pede à comunidade
internacional que tome "medidas significativas" para os
responsabilizar pelos crimes cometidos. ANG/Angop
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