Angola/Eleitores escolhem deputados e Presidente da República
Bissau, 24 Ago
24 (ANG) - Mais de 14 milhões de angolanos são chamados às urnas, esta
quarta-feira, 24 de Agosto, para escolher os deputados e o Presidente da
República.
Oito forças partidárias concorrem nestas
eleições gerais, que muitos analistas consideram como as mais disputadas de
sempre da história do país.
Nas assembleias de voto, os angolanos vão
escolher o próximo Presidente da República e os deputados da Assembleia
Nacional. Nestas eleições gerais, a escolha faz-se entre oito forças políticas:
MPLA, UNITA, CASA-CE, PRS, FNLA, APN, P-NJANGO e Partido Humanista de Angola.
Nestas que são as quintas eleições da
história do pais, Sérgio Calundungo, presidente do Observatório Político e
Social de Angola, considera que o duelo eleitoral se faz entre o candidato do
MPLA, João Lourenço, que se recandidata a um segundo mandato e o candidato da
UNITA, Adalberto Costa Júnior, que conta com o apoio da Frente Patriótica
Unida.
“A disputa
expressa-se num grupo que entende que, face ao que foram os últimos cinco anos
de governação, é importante dar oportunidade ao actual Presidente para
consolidar algumas bandeiras que havia levantado, como aprofundar o combate à
corrupção, nepotismo e etc. O outro grupo de cidadãos entende que 45 anos
depois é tempo suficiente para fazer uma mudança. Os discursos de ambos os
lados resumem-se na ideia da continuidade ou mudança”, refere.
Nas ruas da capital, muitos são os
angolanos que se dizem cansados e esperam por mudança. Apesar das riquezas
naturais do país, petróleo e diamantes, 44% da população continua a viver
abaixo do limiar da pobreza.
Sérgio Calundungo divide o espectro
eleitoral angolano em três grupos: “Um
primeiro grupo de cidadãos que se identifica com os partidos, tal como nos
identificamos com as equipas de futebol. Mas esse grupo vai sendo cada vez mais
minoritário. Depois, há os outros dois grupos que vão ser determinantes nesta
eleição. O segundo grupo vai-se questionando até que ponto cada formação
política ou partido político tem a capacidade de fazer o que promete. Este
grupo não é maioritário, mas começa a ser importante em alguns sectores. O
terceiro grupo, que é maioritário, é o que vota na lógica do merecimento. O que
é que eu vou ganhar votando em A ou em B?”, nota.
A credibilidade desta eleição é outro dos
grandes desafios. A sociedade civil e os partidos políticos acusam a Comissão
Nacional Eleitoral de publicar modelos de actas que permitem a existência
de eleitores fantasmas.
Nelson Domingos, cientista político,
considera que as irregularidades verificadas no processo eleitoral estão
ligadas à falta de transparência desde o começo do processo e deu alguns
exemplos.
“A questão
dos mortos que apareceram nos cadernos eleitorais, nomes que aparecem
duplicados, nomes de pessoas que aparecem em diferentes assembleias de voto. Em
Cabinda, por exemplo, o movimento cívico MUDEI identificou que grande parte dos
presidentes das mesas são governantes, outros ligados à própria estrutura do
partido e outros militantes. Isso possibilita um controlo absoluto da contagem
e da produção dos resultados”, explica.
A Comissão Nacional Eleitoral garante
estarem reunidas todas as condições para que o processo eleitoral decorra com
ordem e transparência. O Presidente da CNE, Manuel Pereira da Silva, pediu aos
angolanos que participem de forma "massiva" e que mantenham uma
"postura cívica, ordeira e responsável".
O líder do organismo público que gere as
eleições gerais instou ainda cada eleitor a "depois de exercer o seu
direito de voto, abandonar voluntariamente a assembleia de voto".
A oposição e a sociedade civil têm estado
a apelar à população, através do movimento “Votou, Sentou” para permanecer nas
assembleias, após exercer o direito de voto. O objetivo é acompanhar o
apuramento e a publicação dos resultados das eleições angolanas.
As mais de 26 mil mesas eleitorais, no
território angolano e no exterior já que pela primeira vez os angolanos da
diáspora vão votar, contam com 106.870 membros das assembleias e mesas de
voto. De forma a fiscalizar as mesas de voto, a CNE fiscalizou credenciou
277.483 delegados de lista pertencentes aos partido políticos.
Quanto aos observadores, a CNE declarou
ter credenciado mais de 1.300 observadores nacionais e internacionais.
Jorge Carlos Fonseca, ex-Presidente de
Cabo Verde, que chefia a missão de observadores eleitorais da Comunidade dos
Países de Língua Portuguesa, diz que as condições estão reunidas para a
realização das eleições gerais, contudo reconhece que há visões diferentes do
processo eleitoral no seu todo.
“Há críticas de
algumas forças da oposição, relativamente à integridade do processo eleitoral.
Por exemplo, a existência de mortos em listas eleitorais, queixas de que não
foram publicadas as listas eleitorais provisórias, divulgação dos cadernos
eleitorais. Há muita desigualdade no acesso aos órgãos públicos de comunicação
social, com uma vantagem para o partido no poder. Há críticas sobre a
composição da Comissão Nacional Eleitoral",
relatou.
O Chefe da missão de observação eleitoral
garantiu que “as queixas foram registadas".
"Ouvimos as explicações das autoridades, nomeadamente
do partido que está no poder”, acrescentou.
Mais de 14 milhões de angolanos são chamados às urnas, esta quarta-feira, para escolher os deputados e o Presidente da República. Oito forças partidárias concorrem nestas eleições gerais, que muitos analistas consideram como as mais disputadas de sempre da história do país. As mesas de voto abriram às 7 horas locais e encerram às 17. ANG/RFI
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