Genebra/Guerra na Ucrânia está a pressionar o sistema humanitário mundial, avisa Cruz Vermelha
Bissau,
23 Ago 22(ANG) – O conflito na Ucrânia está apressionar todo o sistema
humanitário e poderá ter efeitos duradouros na capacidade de resposta das
organizações de assistência em todo o mundo, avisou hoje a Cruz Vermelha.
“Os
efeitos de choque devastadores estão a aumentar à medida que o conflito
continua, com a subida dos preços dos alimentos e da energia e o agravamento
das crises alimentares”, acrescentou Rocca.
Segundo
a directora regional da IFRC para a Europa e para a Ásia Central, Birgitte
Bischoff Ebbesen, numa conferência de imprensa online, “a crise espalhou-se por
todo o sistema humanitário e colocou-o sob enorme pressão”, o que “terá um
efeito duradouro na capacidade das organizações humanitárias e dos doadores
para responderem a emergências noutros locais”.
A
invasão russa da Ucrânia, um dos maiores exportadores mundiais de cereais,
contribuiu também para uma grave escassez alimentar nas regiões mais pobres do
mundo.
Apesar
dos esforços para retomar as entregas dos cereais ucranianos através do Mar
Negro, desde o início do ano registou-se uma quebra de 46% das exportações
destes bens.
“Esta
queda maciça está a ter um grande efeito no Corno de África, onde mais de 80
milhões de pessoas enfrentam uma fome extrema – a pior crise alimentar dos
últimos 70 anos”, segundo um relatório da IFRC.
A
Cruz Vermelha, que conta actualmente com mais de 100 mil voluntários e pessoal
local na Ucrânia e países vizinhos, continua a apurar as suas estimativas
relativas às necessidades humanitárias da nação invadida.
A
organização já denunciou os enormes danos na Ucrânia, onde milhões de pessoas
foram obrigadas a abandonar as suas casas.
Já a
inflação crescente e a escassez de bens essenciais, tais como o combustível e
alimentos na Ucrânia, estão a forçar cada vez mais as pessoas a lutar pelo
acesso aos mesmos, sendo que a necessidade continuará a crescer com o tempo
mais frio, previsto para as próximas semanas.
“Este
será o inverno mais duro”, disse o director-geral da Cruz Vermelha Ucraniana,
Maksym Dotsenko, num briefing de imprensa.
“As
necessidades estão a aumentar” e as consequências serão sentidas para além da
Ucrânia, avisou.
A
ofensiva militar lançada a 24 de Fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a
fuga de mais de 12 milhões de pessoas de suas casas – mais de seis milhões de
deslocados internos e mais de seis milhões para os países vizinhos -, de acordo
com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como
a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A
invasão russa – justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a
necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da
Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que está
a responder com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de
sanções que atingem praticamente todos os sectores, da banca à energia e ao
desporto. ANG/Inforpress/Lusa
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